(ANSA) - A Comissão Europeia respondeu nesta terça-feira (7) a carta enviada pela premiê da Itália, Giorgia Meloni, em que a líder cobrava debates e soluções reais do bloco para a gestão de fluxos migratórios.
O texto havia sido enviado pouco após a Itália registrar um naufrágio grave na cidade de Cutro no dia 26 de fevereiro e que, até o momento, teve 72 mortes confirmadas e 80 pessoas resgatadas. Estima-se que haja ainda cerca de 40 pessoas desaparecidas no mar.
Segundo o porta-voz do Executivo, o documento reconhece que é preciso achar "soluções de longo prazo" e que é necessário renovar esforços para chegar a um acordo sobre o Pacto para as Migrações, que está sendo debatido há meses sem ter concordância de todos os 27 Estados-membros.
"A migração precisa ser enfrentada com uma abordagem holística, combatendo os traficantes, colocando em andamento as repatriações para quem não ter o direito de ficar, mas também oferecendo percursos claros para migrações seguras e legais", disse ainda o representante.
Meloni havia dito na carta que o naufrágio de Cutro não era um "evento isolado" e que a União Europeia tem o "dever moral, antes que o político, de fazer tudo para evitar que desgraças como essa se repitam".
No documento, além de cobrar uma ação conjunta para lidar com os traficantes de pessoas e de impedimento de saída dos barcos irregulares, a primeira-ministra ainda pediu investimentos nos "países de origem e trânsito até que colaborem ativamente" na questão.
Von der Leyen
Pouco depois, detalhes da carta foram divulgados e a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, prometeu uma maior coordenação nos trabalhos com os migrantes.
"Para trabalhar juntos em uma atuação coordenada nas atividades de busca e resgate, a Comissão relançou o grupo de contato europeu como parte do Plano de Ação para o Mediterrâneo Central. O grupo oferece um espaço para promover a coordenação entre as autoridades nacionais. Estou contente com o forte envolvimento da Itália", disse Von der Leyen, prometendo que "no próximo Conselho Europeu serão dadas informações sobre as medidas operacionais propostas em fevereiro".
A líder do Executivo da UE ainda pontuou que bloco "proverá ao menos meio bilhão de euros para financiar novos assentamentos e corredores humanitários até 2025, oferecendo apoio a ao menos 50 mil pessoas".
"Precisamos concentrar nossos esforços sobre aqueles que necessitam de proteção internacional fornecendo para eles alternativas reais para sair das mãos dos criminosos. O trabalho da Itália e de outros países em oferecer caminhos legais e seguros por meio de corredores humanitários dá uma contribuição crucial", pontuou.
Na carta, Von der Leyen afirmou que é preciso “coordenar ações com nossos parceiros-chave para prevenir as partidas irregulares e salvar vidas”.
“Para tal fim, a Comissão está trabalhando em estreito contato com os países-membros para intensificar a cooperação com os parceiros do norte da África. A UE e a Itália trabalham juntas há muitos anos para reforçar a gestão das fronteiras. Mais uma vez, neste ano daremos prioridade a esse trabalho especialmente com Tunísia e Egito e providenciaremos mais um apoio à gestão das fronteiras marítimas com a Líbia”, pontua.
Von der Leyen ainda concordou com Meloni dizendo que a tragédia de Cutro “deve servir como lembrete para dobrar a nossa determinação para soluções duradouras e eficazes”. “Compartilho com você a visão segundo a qual os europeus – políticos e cidadãos - têm o dever moral de agir para evitar tragédias similares, que infelizmente ocorrem muitas vezes”.
Palazzo Chigi
O governo italiano "expressou sua profunda satisfação" com a carta respondida pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre a crise migratória após a tragédia na costa de Cutro, na região da Calábria.
“Das palavras da presidente da Comissão emerge de fato a plena consciência de como é necessária uma resposta europeia concreta e imediata sobre o tema da migração", diz a nota oficial.
"Ursula von der Leyen, de fato, refere-se a outras ações a serem coordenadas e realizadas a nível da UE para prevenir partidas irregulares, salvar vidas no mar, combater redes criminosas de traficantes e evitar que tragédias como as de Cutro repetem-se no futuro", reforçou o Palazzo Chigi. (ANSA)
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