(ANSA) - Por Patrizia Antonini - A União Europeia (UE) olha para o Brasil em busca de novas alianças para o fornecimento de matérias-primas minerais, mas também de novas oportunidades comerciais, como o acordo entre a UE e o Mercosul, após o choque econômico provocado pela invasão russa à Ucrânia e para afrouxar cada dia mais a dependência incômoda da China
Das terras raras ao lítio, essenciais para a transição energética europeia, ao mundo digital aplicado, são inúmeras as oportunidades que Bruxelas vê no gigante sul-americano, onde a vice-presidente executiva da Comissão Europeia, Margrethe Vestager participou na última sexta-feira (17) da apresentação do mapa de investimentos bilaterais Brasil-UE, na sede da Agência de Promoção de Exportações (Apex).
De acordo com o Mapa de Investimentos elaborado pela Apex, estrutura que serve de base para estratégias de investimentos e políticas públicas, os 27 países do bloco da UE são os principais investidores estrangeiros diretos na economia do gigante sul-americano, com 49,5% de todo o capital estrangeiro investido, num total de 263 bilhões de euros.
Além disso, o Brasil é o principal destino dos investimentos europeus na América Latina, com 41,5% do que atinge toda a região, e ocupa o segundo lugar no ranking dos emergentes, atrás da Rússia. E, dada a conjuntura geopolítica, o documento indica uma tendência acentuada de o Brasil se tornar o primeiro receptor de investimentos da UE entre os países emergentes.
O documento estima que entre 2016 e 2020 ocorreram 385 anúncios de novos investimentos dos 27 países-membros, com 55 mil novos empregos. Das mil empresas com maior faturamento em 2020 no Brasil, 128 foram companhias com capitais provenientes da Europa, e os investimentos no Brasil representam 3,1% de tudo que a UE investe no exterior. Entre os grandes grupos europeus que atuam no Brasil estão Stellantis, Engie e Telefônica.
Por outro lado, Vestager reafirmou em Brasília a "prioridade" do acordo UE-Mercosul. "Chegou a hora de dar prioridade ao acordo. É hora de acelerar o ritmo das negociações, de garantir" que o dossiê chegue a uma conclusão bem-sucedida", afirmou, manifestando também interesse em firmar acordos na " área de mineração limpa, e alianças em "tecnologias digitais" aplicadas à saúde, conexões com as regiões mais remotas, educação e negócios".
Ela notou um crescente interesse mútuo entre Bruxelas e Brasília, a hipótese de uma viagem da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para a capital sul-americana e também de Luiz Inácio Lula da Silva para a Europa, ao final de sua visita à China, na próxima semana.
Uma trajetória já marcada pela chegada do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, à sétima cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), onde se reuniu com Lula, em janeiro, e pela visita do primeiro vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, e do chanceler alemão, Olaf Scholz.
Justo nesses dias, Bruxelas tem sobre a mesa a Lei das Matérias-Primas Críticas, para fortalecer a União Europeia em recursos minerais cruciais para a produção de energia limpa, como a geração eólica, armazenamento de hidrogênio, baterias ou chips, dos quais "a Europa é atualmente 98% dependente na China". (ANSA).