(ANSA) - O governo da Alemanha afirmou neste domingo (24) que salvar migrantes e refugiados no mar é um "dever jurídico, humanitário e moral", em meio ao agravamento da crise no Mar Mediterrâneo e às dificuldades da União Europeia para estabelecer políticas conjuntas de acolhimento.
A declaração foi dada por um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, após um questionamento da ANSA sobre a entrevista em que o ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, criticou o apoio da Alemanha a ONGs de socorro marítimo.
"Salvar as pessoas que se afogam e se encontram em dificuldade no mar é um dever jurídico, humanitário e moral. Assim como as guardas costeiras nacionais, principalmente a italiana, os socorristas civis também desempenham um papel de resgate no Mediterrâneo Central", disse o porta-voz.
No último sábado (23), a ONG SOS Humanity confirmou que vai receber 790 mil euros (R$ 4,16 milhões) do governo alemão para financiar operações de resgate no Mediterrâneo, decisão que contou com o aval do Parlamento.
Crosetto, no entanto, definiu essa iniciativa como "muito grave". "Berlim finge não perceber que, desse modo, coloca em dificuldade um país que, em teoria, seria 'amigo'", disse ministro.
Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores alemão afirmou que o objetivo é apenas apoiar o socorro civil marítimo e projetos em terra firme para as pessoas resgatadas no Mediterrâneo. O financiamento total para essas iniciativas é limitado a 2 milhões de euros (R$ 10,5 milhões).
O governo da premiê da Itália, Giorgia Meloni, acusa as ONGs de agirem como "fator de atração" para migrantes e refugiados no Mediterrâneo, embora elas sejam responsáveis por menos de 10% dos deslocados internacionais que chegam ao país por via marítima.
Segundo o Ministério do Interior, a Itália já recebeu quase 133 mil migrantes forçados entre 1º de janeiro e 22 de setembro de 2023, quase o dobro do número registrado no mesmo período do ano passado.
Na próxima quinta-feira (28), o ministro italiano das Relações Exteriores, Antonio Tajani, irá a Berlim para discutir o financiamento alemão para a SOS Humanity. "É uma postura estranha, tentaremos entender por que agem dessa maneira", ressaltou o chanceler. (ANSA)
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