(ANSA) - O presidente da Tunísia, Kais Saied, rechaçou nesta segunda-feira (2) o que chamou de "caridade" da União Europeia, referindo-se aos 127 milhões de euros (R$ 682 mi) oferecidos em um acordo para coibir a migração ilegal do país norte-africano para a Europa.
Os fundos seriam 60 milhões (R$ 322 mi) de apoio orçamentário, e 67 milhões (R$ 360 mi) em apoio à implementação do memorando de entendimento assinado com essa finalidade.
Saied disse que os fundos contradisseram o "espírito" do memorando que ele assinou com a premiê da Itália, Giorgia Meloni; a presidente do poder Executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen; e o premiê holandês, Mark Rutte, em julho.
O entendimento contém cinco pilares: assistência macrofinanceira da UE, fortalecimento dos laços econômicos, cooperação em energia verde, migração e promoção dos contatos entre as pessoas.
Meloni já disse que considera o acordo um "modelo" para relações entre o bloco e países do norte da África.
A Tunísia atravessa uma severa crise financeira e a situação instável tem sido um fator para o aumento do número de migrantes e refugiados que chegaram à Itália em 2023.
Saied disse, porém, que a Tunísia aceitou a cooperação, mas não caridade.
"Nosso país e nosso povo não querem pena, mas exigem respeito. A Tunísia rejeita o que foi anunciado pela UE nos últimos dias, não pela quantia em questão, porque toda a riqueza do mundo não vale um grama da nossa soberania, mas porque a proposta contradiz o memorando de entendimento assinado em julho", concluiu.
Após as declarações, a porta-voz da Comissão Europeia, Arianna Podestà, declarou: "A UE é muito coerente e sempre empenhada em promover os direitos humanos. Estamos trabalhando na implementação do memorando". (ANSA).