União Europeia

'Ucrânia não está pronta para entrar na UE', avalia ativista

Em entrevista à ANSA, Yevgen Zakharov falou sobre conflito

Zakharov concorreu a prêmio de Direitos Humanos

Redazione Ansa

(ANSA) - O ativista de direitos humanos ucraniano Yevgen Zakharov declarou nesta segunda-feira (9) que "a Ucrânia ainda não está preparada para se unir à União Europeia".

A avaliação vai de encontro à tendência atual, tanto em Kiev, quanto em Bruxelas.

Zakharov, aos 70 anos de idade e nomeado à última edição do prêmio Václav Havel do Conselho da Europa (vencido por Osman Kavala), porém, não teme dar sua opinião - assim como nos tempos da União Soviética, quando acabou preso.

"Os ucranianos pensam na Europa pela riqueza e o nível de vida. Mas a União Europeia se baseia na livre circulação de mercadorias, capitais e trabalhadores, na liberdade de expressão, e na liberdade acadêmica, que nós nem contemplamos na nossa legislação", disse, em entrevista à ANSA.

"Tomemos como exemplo a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia: a maior parte do que está escrito não se aplica na Ucrânia e nem sequer existe a consciência de precisar fazê-lo".

Ele sustenta que "essa consciência coletiva, em grande parte ainda soviética, está significativamente dificultando o progresso, nos impedindo de construir uma verdadeira democracia e de respeitar os direitos humanos e o Estado de direito".

Zakharov fala enquanto toma chá em um modesto apartamento no térreo de um bairro residencial nos arredores de Kiev.

Apesar da idade, ele não se rende, e fundou o projeto "Tribunal 4 Putin" com o objetivo de catalogar os crimes de guerra cometidos pelos russos na Ucrânia.

"Hoje, em nosso banco de dados, há cerca de 55 mil incidentes criminais e 27 tipos diferentes de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio. Já analisamos o que coletamos e já apresentamos quatro observações à procuradoria da Corte Penal Internacional. E continuaremos fazendo isso", disse Zakharov.

Questionado sobre se Putin ressuscitou a União Soviética, ele discorda: "Há similaridades quanto às aspirações imperiais, mas na URSS não eram tão 'cínicas'. Havia uma ideologia que justificava e em que muitos acreditaram durante muito tempo até certo ponto".

"Agora a situação é completamente diferente. Acredito que o objetivo principal de Putin é preservar seu poder. Eu diria que hoje o fascismo ganhou na Rússia. As comparações entre Putin, Hitler e Stalin fazem sentido. Ele combina ambos, por assim dizer, em si mesmo", concluiu. (ANSA).
   

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