(ANSA) - O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, declarou nesta quarta-feira (8) que o assédio de Israel a Gaza não respeita as leis humanitárias.
"Nada pode justificar o que aconteceu. Não podemos permitir que se repita nunca um atentado terrorista como o do Hamas.
Hamas não deve ter futuro no governo de Gaza", disse, em discurso no Parlamento Europeu.
"O direito de Israel de se defender deve estar em linha com as leis internacionais e humanitárias. Um assédio de Gaza não está. Pedimos pausas humanitárias, quanto mais a situação piorar, mais difícil será alcançar uma paz duradoura", destacou Michel.
O comandante do Conselho da UE também propôs que o bloco compre grãos da Ucrânia e envie aos civis no Oriente Médio: "É um gesto forte de humanidade e eficiência".
"A União Europeia pode ajudar o Oriente Médio continuando, ao mesmo tempo, a oferecer seu forte apoio à Ucrânia por todo o tempo necessário. Ambas as regiões precisam do nosso contínuo envolvimento", declarou.
Charles Michel também destacou a importância de que a UE seja "obcecada" pela solução de dois Estados.
"Se queremos que outros países do mundo mantenham confiança em nós, devemos ser coerentes. Há quem instrumentaliza dizendo que usamos dois pesos e duas medidas e não é assim. Sempre encorajei [o premiê de Israel, Benjamin] Netanyahu a instituir pausas humanitárias", acrescentou.
Já a chefe do Executivo da UE, Ursula von der Leyen, rechaçou a presença de Israel em Gaza.
"Primeiramente, Gaza não pode ser um refúgio para os terroristas e não pode ser governada por organizações terroristas. Deve haver uma única autoridade palestina. Não deve haver presença de longa duração de Israel para a segurança de Gaza, o território de Gaza não pode ser amputado ou reduzido.
Também não pode haver deslocamentos forçados", disse ela, na mesma ocasião.
Também nesta quarta, uma fonte próxima ao Hamas confirmou negociações em andamento para a libertação de 12 reféns, sendo seis americanos, em troca de três dias de trégua.
Na terça-feira (7), o portal Axios já havia informado que Joe Biden, em ligação a Netanyahu na segunda (6), pediu três dias de pausa para negociar a soltura de reféns.
Um porta-voz da ala militar do Hamas, Abu Obeida, declarou que "o único e evidente caminho para a liberação de reféns é um acordo que preveja a troca de prisioneiros, total ou parcial", segundo a emissora estatal israelense Kan.
Ainda nesta quarta, o secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, afirmou que os mortos em Gaza mostram que há "algo de errado".
"Há violações por parte do Hamas quando usa escudos humanos.
Mas quando olhamos o número de civis que foram mortos durante as operações militares, há algo claramente errado", disse ele à Reuters.
"Também é importante demonstrar a Israel que é contra seus interesses ver todos os dias a imagem terrível das dramáticas necessidades do povo palestino. Não ajuda Israel em relação à opinião pública global", avaliou.
Guterres comparou o número de crianças mortas em Gaza com o balanço dos conflitos no mundo observado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"A cada ano, o número mais alto de mortes de crianças por parte de qualquer ator em todos os conflitos que assistimos chega ao máximo às centenas. Em poucos dias, em Gaza, temos milhares e milhares de crianças mortas, o que significa que há algo claramente errado no modo em que são conduzidas as operações militares", disse ele. (ANSA).