(ANSA) - Em meio a controvérsias, o poder Executivo da União Europeia informou nesta quinta-feira (9) ter recebido o texto do acordo entre Itália e Albânia para gerenciar o fluxo de migrantes.
"Acabamos de receber e estamos estudando. Ainda não temos uma decisão, estamos analisando os detalhes", disse um porta-voz da Comissão Europeia.
O protocolo de entendimento firmado entre a premiê da Itália, Giorgia Meloni, e o da Albânia, Edi Rama, é para construir centros de acolhimento de migrantes no país balcânico e causou polêmica na política italiana e na União Europeia.
Na segunda-feira (6) os dois líderes anunciaram o plano, que prevê a instalação de dois centros para migrantes na Albânia que possam abrigar até três mil pessoas. O movimento anual poderia chegar a 36 mil pessoas.
O protocolo de entendimento não abrange os imigrantes que chegam às costas e territórios italianos, apenas os salvos no Mediterrâneo por embarcações italianas da Marinha e Guarda de Finanças, e não de ONGs.
Entre as vozes contrárias, nesta quinta-feira o ex-premiê e líder do partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), Giuseppe Conte, disse que é incompreensível que integrantes do governo como o vice-premiê e titular dos Transportes, Matteo Salvini; o vice-premiê e chanceler, Antonio Tajani; e o comandante do Interior, Matteo Piantedosi, fiquem calados diante da proposta.
"Esse projeto foi confeccionado por Meloni como deportação em massa temporária, nos custará muitíssimo, mais de 80 ou 100 milhões [de euros]", disse.
"Depois de um mês na Albânia, os migrantes voltarão à Itália, onde ofereceremos asilo ou um papel de expulsão porque não é possível repatriá-los, e acabarão ficando no território", acrescentou.
Já Tajani defendeu a medida, dizendo que "respeita todas as regras comunitárias e o direito internacional": "Não é Guantánamo, como disseram, mas uma solução humanitária", disse, em referência à histórica prisão militar americana em Cuba.
"O texto do acordo diz que só embarcações militares italianas podem ir à Albânia, e que não podem ser deixados lá os menores, as mulheres grávidas, os vulneráveis", garantiu.
O líder albanês, Edi Rama, respondeu a críticas da oposição italiana, pelo Partido Democrático (PD), dizendo que seu único ponto de vista é "buscar ajudar a Itália, quando ninguém na Europa parece ter uma solução compartilhada para todos. Talvez não seja a solução definitiva, mas é o mínimo que a Albânia pode e deve fazer".
"Se isso não for de esquerda na Itália, paciência, também não é de direita na Albânia. Talvez seja simplesmente o certo", defendeu. (ANSA).