(ANSA) - Os governos de Itália, Alemanha e França vão apresentar nesta segunda-feira (22) um documento aos ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE), em Bruxelas, para apontar a necessidade de uma missão militar para garantir a segurança mercantil no Mar Vermelho, palco de recorrentes ataques do grupo iemenita houthi.
"Dada a gravidade da situação atual e os nossos interesses geoestratégicos, é importante que a UE demonstre a sua vontade e capacidades para atuar como protagonista na segurança global, inclusive no setor marítimo", diz o texto.
Segundo a proposta, "a missão estará alinhada com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar e será defensiva".
A iniciativa destaca "a importância de utilizar as estruturas e capacidades já existentes" da missão Emasoh/Agenor, no Estreito de Ormuz.
"As tensões contínuas na região correm o risco de ter repercussões negativas na economia global, causando um aumento nos custos de transporte e nos prazos de entrega de mercadorias", acrescenta.
Os países ressaltam ainda que, se os conflitos forem prolongados, "poderão ter potenciais efeitos desestabilizadores em alguns países, como o Egito, cujo orçamento depende em grande parte das receitas provenientes de trânsitos através do Canal de Suez - o Egito arrecadou cerca de 8,6 bilhões de euros no ano fiscal de 2022-2023".
Além disso, Roma, Paris e Berlim recordam as duas missões implementadas até agora pela UE na área de segurança da navegação: operação Atalanta, contra a pirataria somali, e operação Emasoh/Agenor, no Estreito de Ormuz.
Os signatários do documento, no que diz respeito à missão no Mar Vermelho, convidam, portanto, o alto representante da UE a implementar todos os esforços diplomáticos possíveis para garantir que as atividades da operação sejam realizada na região e fora dela.
Do ponto de vista operacional, os governos pedem aos outros Estados-membros "para considerarem favoravelmente a sua participação, com meios navais ou contribuições de pessoal, como um sinal tangível de apoio ao objetivo político comum de proteger a liberdade de navegação e de defender o direito internacional" .
Por fim, enfatizam que "a operação poderá ser lançada em aplicação do artigo que diz que para missões deste tipo "o Conselho pode confiar a execução de uma tarefa a um grupo de Estados-membros que desejam fazê-lo e que possuem as capacidades necessárias para realizar esta tarefa".
Nas últimas semanas, o grupo iemenita houthi vem realizando diversos ataques contra navios mercantis direcionados a Israel, de forma a mostrar solidariedade com a causa palestina, em meio ao conflito entre o governo do premiê Benjamin Netanyahu e o Hamas na Faixa de Gaza. (ANSA).