(ANSA) - Os protestos de agricultores com tratores que se espalharam pela Europa tiveram uma nova escalada nesta quinta-feira (1º), desta vez em Bruxelas, durante a realização de uma cúpula extraordinária do Conselho Europeu.
Cerca de 1,3 mil tratores se espalharam pelas vias da cidade, segundo a polícia local. No norte da Bélgica, também segue bloqueado o porto de Zeebrugge, uma ação iniciada na noite de terça-feira (30).
Com reivindicações como por mudanças na Política Agrícola Comum (PAC), uma revisão do Green Deal europeu e o fim das negociações para o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, os manifestantes bloquearam a Place de Luxembourg, em frente à sede do Europarlamento, e explodiram rojões e atearam fogo a madeira e pneus.
As autoridades belgas explicaram que a previsão era de 800 tratores, mas que apesar do comparecimento maior, as forças de ordem conseguiram manter os manifestantes na área do Bairro Europeu, sede dos principais edifícios do bloco.
“Havíamos estimado 800 tratores, são 1,3 mil, com mais de 2 mil pessoas. Conseguimos delimitar a área de protestos e manter a realização da cúpula. A prioridade é o diálogo, mas a polícia está preparada caso a situação piore”, disse o prefeito da capital belga, Philippe Close, à rádio RTL.
A Bélgica e a Copa-Cogeca, associação que representa as cooperativas agrícolas europeias, anunciaram que representantes dos manifestantes se reuniriam com a presidente do Poder Executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen; o premiê belga, Alexander De Croo; e o premiê holandês, Mark Rutte.
Na França, onde as manifestações se originaram, os sindicatos agrícolas Fnsea e Jeunes Agriculteurs (JA) pediram que os bloqueios das estradas com tratores sejam suspensos, após novos anúncios do primeiro-ministro, Gabriel Attal, atendendo pedidos dos produtores rurais.
“Decidimos que na situação atual, levando em conta tudo o que foi anunciado, nossas modalidades de ação devem mudar, e então pedimos às nossas redes que suspendam os bloqueios e entrem em uma forma de mobilização”, disse o presidente de JA, Arnaud Gaillot.
O conjunto de medidas anunciadas pelo governo francês para aplacar os ânimos dos agricultores totalizam 400 milhões de euros, segundo uma estimativa do Ministério das Finanças da França, citada pela Agência France-Presse (AFP).
Além desse valor, outros 200 milhões de euros serão usados para um reembolso parcial do imposto sobre combustível de tratores.
Proposta
A presidente do Poder Executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou nesta quinta-feira (1º) que a Comissão trabalhará em uma “proposta para reduzir os encargos administrativos” dos agricultores previstos na Política Agrícola Comum (PAC).
O objetivo é concluir a proposta a tempo de apresentá-la no próximo encontro dos ministros europeus da Agricultura, que ocorrerá em 26 de fevereiro, em Bruxelas.
“Devemos defender os interesses legítimos dos agricultores, especialmente nas nossas negociações comerciais, garantindo condições de paridade em termos de padrões”, acrescentou.
(ANSA).