(ANSA) - A sigla italiana de oposição Aliança Verdes e Esquerda (AVS) anunciou nesta quinta-feira (18) que candidatará a professora Ilaria Salis, presa na Hungria por suposta agressão contra militantes de extrema-direita, às próximas eleições europeias.
Segundo os parlamentares Nicola Fratoianni e Angelo Bonelli, a decisão foi tomada em conjunto com o pai de Ilaria, Roberto Salis.
Presa há 13 meses e arriscando uma pena de 24 anos de prisão, Ilaria chocou a Itália e a Europa ao aparecer em sessões de julgamento no Tribunal de Budapeste acorrentada por mãos, pés e cintura.
Desde então, a Itália tem registrado protestos por sua soltura.
“Esta escolha quer tutelar os direitos e a dignidade de uma cidadã europeia, inclusive da inércia das autoridades italianas para obter uma rápida soltura para a prisão domiciliar, que foi negada na última decisão dos magistrados húngaros”, disseram Fratoianni e Bonelli.
“A ideia é que se possa gerar uma grande e generosa batalha para que a União Europeia defenda os princípios do Estado de Direito e reafirme a inviolabilidade dos direitos humanos fundamentais sobre todo o território”, prosseguiram.
Para eles, a candidatura é um gesto: “Pode servir para denunciar métodos incivis de detenção contra quem ainda aguarda julgamento”.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, tem uma boa relação com o premiê húngaro de extrema-direita Viktor Orbán, mas afirmou ter pedido “dignidade” para Salis.
Nesta quinta, ela afirmou que uma eventual candidatura não mudará o trabalho do governo, mas fez ressalvas: “Já disse no passado que a politização da questão não ajuda”.
Gyorgy Magyar, advogado húngaro de Salis, disse à ANSA que as consequências de uma candidatura são incertas.
“Na Hungria, a imunidade parlamentar já começa na candidatura, mas não sei como é na Itália. Se fosse eleita eurodeputada, teria imunidade, e a corte húngara teria que pedir a suspensão da imunidade para julgar o caso, e a decisão caberia ao futuro Parlamento Europeu”, disse.
Segundo ele, porém, não se sabe qual seria a reação do tribunal, uma vez que os fatos julgados no processo são anteriores às eleições.
Já a advogada italiana Aurora D’Agostino, que acompanha o caso como observadora internacional pela associação “Giuristi Democratici” (Juristas Democráticos, em português), afirmou que, se eleita, Salis será solta: “Obviamente, o Parlamento Europeu poderia autorizar o prosseguimento do processo, mas enquanto isso ela veria o fim das horríveis condições de detenção que está sofrendo”.
As eleições europeias serão realizadas entre os dias 6 e 9 de junho. A Itália escolherá 76 deputados.
(ANSA).