A preocupação foi expressada pela Confederação Nacional dos Cultivadores Diretos (Coldiretti) e Filiera Agricola Italiana (Fagri), às vésperas do G20 no Rio de Janeiro, entre os próximos dias 18 e 19 de novembro, onde se espera a discussão sobre o protocolo de livre comércio entre o bloco e os países sul-americanos.
"Sem a garantia da reciprocidade das regras, o acordo Mercosul não pode ser assinado, pois causaria danos gravíssimos ao setor agroalimentar italiano e europeu, com riscos potenciais também para o saúde dos consumidores", afirmaram em nota. Segundo as associações italianas, "a atual formulação do acordo não considera, de fato, um aspecto fundamental como as diferenças nos padrões de produção".
"Na área do Mercosul, existem regras muito menos rigorosas do que na Europa sobre a utilização de substâncias químicas e técnicas de produção. Basta pensar no fato de que o Brasil quadruplicou o uso de agrotóxicos nos últimos 20 anos", acrescenta o texto.
A Coldiretti e a Filiera destacam ainda que estas substâncias "utilizam princípios ativos muitas vezes proibidos na União Europeia". Uma outra questão crítica diz respeito à pecuária, onde são utilizados antibióticos e outras substâncias usadas como promotores de crescimento, prática proibida na Europa desde 2006.
As organizações enfatizam ainda que a UE detectou "mais de 200 casos de alertas de alimentos provenientes de países do Mercosul com resíduos de agrotóxicos, substâncias tóxicas e bactérias.
Mas as acusações contra algumas cadeias de abastecimento sul-americanas de exploração laboral também pesam muito, como é o caso das bananas no Brasil ou dos morangos na Argentina.
"As empresas italianas se consideram, portanto, penalizadas pela concorrência desleal, com uma corrida para o mínimo de custos, em comparação com as empresas do Mercosul, com muito menos restrições do ponto de vista da proteção e dos direitos dos trabalhadores e o ambiente", ressalta o comunicado.
Segundo algumas estimativas, a entrada em vigor do acordo UE-Mercosul poderá contribuir para o desmatamento de 1,35 milhões de hectares de florestas, colocando em risco um dos ecossistemas mais preciosos do mundo.
Por fim, Coldiretti e Filiera afirmam que "não são contra os acordos de livre comércio, desde que, no entanto, garantam a igualdade nas condições entre as respectivas áreas de produção, aspecto que não é levado em consideração no acordo atual".
(ANSA).
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