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Itália suspende juiz que acumulou atrasos por amor à poesia

'Magistrado-poeta' admitiu sofrer 'conflito interior'

Redazione Ansa

(ANSA) - O Conselho Superior de Magistratura (CSM) da Itália suspendeu um juiz que acumulava enormes atrasos em processos devido à insatisfação com o trabalho e à propensão à poesia.

Ernesto Anastasio, de 54 anos, foi apelidado de "juiz-poeta" pela imprensa italiana e exercia desde 2021 a função de magistrado de custódia em Perúgia, ou seja, era responsável por analisar pedidos relativos a detentos, como penas alternativas à reclusão.

No entanto, Anastasio acumulou atrasos em 858 sentenças apenas nessa jurisdição, gerando protestos de colegas e até de prisioneiros, cujas solicitações ficavam paradas por meses na gaveta do juiz de custódia.

Antes disso, o magistrado já havia ficado marcado por atrasos em outros tribunais onde trabalhara como juiz civil. Anastasio foi alvo de diversos processos disciplinares e sempre respondeu com atestados médicos que o diagnosticavam com depressão.

No entanto, em março passado, o CSM, órgão de autogoverno da magistratura italiana, encarregou o médico e professor de psicopatologia forense Stefano Ferracuti, da Universidade de Roma La Sapienza, de realizar uma perícia para determinar se Anastasio poderia continuar trabalhando.

O relatório concluiu que o juiz sofre de um "distúrbio de personalidade", mas ressaltou que isso não o incapacita para atuar na magistratura. Para o perito, o problema de Anastasio é "exercer uma função profissional insatisfatória para seus objetivos existenciais".

"Ele tem uma notável cultura literária e interesses poéticos. É isso que lhe interessa", escreveu Ferracuti, ressaltando que Anastasio seria mais adequado para o cargo de "bibliotecário" do que de juiz.

O magistrado admitiu viver uma situação de "conflito interior", mas garantiu que gostaria de concluir seu mandato como juiz de custódia, previsto para terminar em 2026. Ainda assim, o CSM decidiu na última terça-feira (12) suspendê-lo da função, sem o recebimento de salário. "Trata-se de um juiz que substancialmente rejeita o trabalho", justificou o órgão. (ANSA)

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