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Vaticano defende luta de Bento XVI contra casos de pedofilia

Papa emérito foi citado em relatório sobre abuso sexual

Vaticano defende luta de Bento XVI contra casos de pedofilia

Redazione Ansa

(ANSA) - O Vaticano defendeu nesta quarta-feira (26) o papa emérito Bento XVI, acusado em um relatório de ter "comportamentos errôneos" em quatro casos de abusos sexuais, entre 1977 e 1982, na Alemanha, e lembrou de sua luta contra a pedofilia na Igreja Católica.

O diretor editorial do Vaticano, Andrea Tornielli, lembrou das medidas tomadas por Joseph Ratzinger durante seu pontificado, além de sua luta contra os casos de abusos contra menores desde que era cardeal, responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé.

"Não se pode esquecer que Ratzinger, como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, já havia combatido o fenômeno na última fase do pontificado de São João Paulo II… e uma vez que se tornou Papa, promulgou normas muito duras contra abusadores clericais, leis especiais para combater a pedofilia", escreveu Tornielli na rede oficial do Vaticano.

Segundo ele, Bento XVI "deu testemunho, com o seu exemplo concreto, da urgência de uma mudança de mentalidade tão importante para combater o fenômeno dos abusos: ouvindo e estando próximo das vítimas a quem se deve sempre pedir perdão".

"Por muito tempo, as crianças maltratadas e seus familiares, em vez de serem considerados feridos para serem acolhidos e acompanhados para a cura, foram mantidos à distância. Infelizmente, muitas vezes foram removidos e até apontados como 'inimigos' da Igreja", acrescentou.

No entanto, de acordo com Tornielli, "foi o próprio Joseph Ratzinger o primeiro Papa a encontrar várias vezes vítimas de abusos durante suas viagens apostólicas". "Foi Bento XVI, mesmo contra a opinião de muitos autodenominados 'ratzingerianos", que propôs, em meio à tempestade de escândalos na Irlanda e na Alemanha, envolto de uma Igreja penitencial, que se humilha pedindo perdão, que sente consternação, remorso, dor, compaixão e proximidade".

Tornielli ressaltou ainda que o relatório alemão, que apontou ao menos 497 vítimas de abusos sexuais nas arquidioceses de Munique e Freising, "não é uma investigação judicial, muito menos um julgamento final".

O editorial observa ainda que o papa emérito, "com a ajuda de seus colaboradores, não se esquivou das perguntas do escritório de advocacia encarregado pela diocese de Munique de elaborar um relatório que examina um período de tempo muito longo".

"Bento XVI respondeu com 82 páginas, depois de ter podido examinar parcialmente a documentação dos arquivos diocesanos. E, como era de se esperar, foram os quatro anos e meio que Ratzinger passou no comando da diocese de Baviera que monopolizou a atenção dos comentários", explicou.

Para o diretor editorial da Santa Sé, as reconstruções contidas no relatório alemão devem "ajudar a combater a pedofilia na Igreja se não forem reduzidas à busca de bodes expiatórios fáceis e julgamentos sumários".

"Só evitando estes riscos poderão contribuir para a busca da justiça na verdade e para um exame coletivo de consciência sobre os erros do passado", alertou.

No início da semana, Bento XVI corrigiu uma informação que havia sido divulgada no documento e reconheceu que estava em uma reunião em 15 de janeiro de 1980 que discutiu o caso do padre Peter Hullerman, que havia sido retirado de Essen e enviado para Munique para tratamento psiquiátrico após abusar de um menino de 11 anos.

De acordo com o secretário pessoal do papa emérito, monsenhor Georg Gaenswein, o ato "não foi cometido por má-fé", mas foi "o resultado de um erro na elaboração editorial de sua afirmação".

Tanto o Vaticano quanto o papa emérito expressaram "vergonha" e "proximidade" às vítimas de abuso sexual após a publicação do relatório na Alemanha.

"Bento tem uma palavra fundamental, que sempre o acompanhou, desde que foi professor e cardeal. É a 'Veritas', a 'Verdade'. A chave é que a verdade se fez homem em Cristo e a verdade é o grande tema da vida de Bento XVI - um tema que sempre reapareceu em diferentes formas em sua vida", concluiu Gaenswein. (ANSA)

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