(ANSA) - O arcebispo de Munique e Freising, cardeal Reinhard Marx, afirmou nesta quinta-feira (27) que acredita que o papa emérito Bento XVI vai se pronunciar sobre um relatório que lista centenas de casos de abuso sexual na Igreja Católica na Alemanha.
O documento foi divulgado em 20 de janeiro e aponta pelo menos 497 vítimas de violência sexual em Munique e Freising entre 1945 e 2019, englobando inclusive o período em que Joseph Ratzinger comandou a arquidiocese (1977-1982).
Segundo o relatório, Bento XVI não tomou atitudes contra quatro padres acusados de abuso e não mostrou interesse pelas vítimas. Um desses sacerdotes, Peter Hullerman, foi transferido de Essen para Munique em 1980, após ter sido acusado de violentar um garoto de 11 anos, e manteve suas funções pastorais.
"Eu aceito que ele [Bento XVI] interprete os fatos diferentemente, que lamente, e acredito que ele vai se pronunciar de novo sobre a questão. Isso seria uma coisa positiva", declarou Marx, que também é acusado de inação pelo relatório.
O resultado do inquérito traz uma declaração por escrito em que Ratzinger nega ter agido de forma errada a respeito de casos de abusos e diz que não sabia das acusações contra Hullerman.
No entanto, poucos dias depois, o papa emérito retificou seu posicionamento e admitiu ter participado de uma reunião sobre o sacerdote pedófilo em 1980. O secretário pessoal de Bento XVI, Georg Gänswein, disse que o erro "não foi cometido por má-fé", mas sim como "resultado de uma falha na elaboração editorial de sua afirmação". "Ele está muito triste e pede desculpas", salientou.
O cardeal Marx, por sua vez, chegou a entregar seu pedido de demissão do cargo de arcebispo em junho passado, mas foi mantido na função pelo papa Francisco.
"O relatório de Munique atribui responsabilidades, e eu estou pronto para assumir as minhas. A minha maior culpa é a de ter negligenciado as vítimas de abusos, isso é imperdoável. Deveria ter me empenhado mais", acrescentou. (ANSA)
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