(ANSA) - O arcebispo da Diocese de Colônia, na Alemanha, cardeal Rainer Maria Woelki, apresentou nesta quarta-feira (2) sua renúncia ao cargo ao papa Francisco, informou a própria arquidiocese.
Woelki havia feito uma "pausa espiritual" entre outubro do ano passado e esta quarta-feira e, tecnicamente, retoma suas funções ordinárias hoje. Segundo a mídia católica, o Pontífice afirmou que decidirá "no seu devido tempo" e "ordenou" que o arcebispo retome seu serviço.
O arcebispo está envolvido em um escândalo de abusos sexuais, que foi investigado recentemente pelo próprio Vaticano. Apesar de não ser citado por acobertar ou cometer algum crime, Woelki tentou impedir a publicação de um relatório independente que apontava os abusos cometidos por religiosos e laicos que trabalhavam na Diocese entre 1975 e 2018.
As 800 páginas do relatório abalaram a comunidade católica local ao mostrar que há, ao menos 314 vítimas de crimes cometidos por 202 religiosos ou laicos. Cerca de metade das vítimas eram crianças com menos de 14 anos, mas há também agressões contra adultos.
Já o relatório final da Igreja Católica, apresentado em setembro de 2021, afirmou que o religioso "cometeu grandes erros" de comunicação sobre os crimes, o que contribuiu para uma "crise de confiança" na Igreja Católica, mas que Woelki não "agiu contra a lei".
O cardeal de Estocolmo, Anders Arborelius, e o bispo de Roterdã, Johannes van den Hande, que foram enviados por Francisco a Colônia entre o fim de maio e o início de junho do ano passado, constataram que "não houve nenhuma ilegalidade" por parte de Woelki ao receber as denúncias que ocorreram durante sua gestão, que foram todas apuradas, e que ele não tentou encobrir nenhum religioso ou laico acusado de crime.
Porém, por conta do momento, o Papa indicou um administrador temporário para a arquidiocese, mas reconheceu a "lealdade" do religioso à Igreja. Após o relatório, Woelki afirmou que "errou na comunicação e assumo a responsabilidade por isso". "Isso me faz mal ao coração porque provocou uma crise de confiança no Episcopado e isso me dói muito", disse à época. (ANSA).