(ANSA) - O cardeal Angelo Becciu, que está no meio de duas grandes investigações do Vaticano por desvios financeiros, foi liberado pelo papa Francisco de manter o juramento de segredo nesta quarta-feira (30).
A decisão foi anunciada no início da audiência do processo sobre a gestão dos fundos da Santa Sé. O presidente do tribunal, Giuseppe Pignatone, leu uma carta firmada pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, assinada pelo Pontífice em 24 de março.
Becciu teve o "benefício" porque não poderia se defender das acusações de peculato, junto a ex-diretora Cecilia Marogna, se estivesse sob o juramento. Nesse processo, o religioso é acusado de desviar fundos do Óbolo de São Pedro, órgão de caridade da Igreja Católica, para a compra de um prédio de luxo em Londres.
À época, o cardeal era considerado o "número 2" da Secretaria de Estado, uma das mais poderosas partes da Santa Sé.
O escândalo, que envolve ainda outros membros laicos que atuavam na Igreja, teria causado um rombo de 217 milhões de euros nos cofres do Vaticano.
Nesta quarta-feira, o Vaticano também anunciou a abertura formal de uma outra investigação que envolve indiretamente Becciu e que foi revelada durante as apurações dos desvios em Londres.
O anúncio foi feito pelo próprio Pignatone após o depoimento do funcionário vaticano monsenhor Mauro Carlino e envolve a diocese italiana de Ozieri.
Um dos ramos de investigação vai analisar se valores da Conferência Episcopal Italiana (CEI) que deveriam ir para a diocese foram desviados e para quem foram os euros.
O outro ramo está incluído, a princípio, no mesmo julgamento atual do Óbolo. Nele Becciu é acusado de desviar dinheiro da diocese e da Cooperativa Spes - braço operacional local da ONG católica Cáritas - para parentes e amigos. A Cooperativa é gerida pelo irmão do cardeal, Antonino. (ANSA).