Vaticano

Indígenas canadenses pedem ao Papa abertura de arquivos

Grupo foi ao Vaticano para falar sobre escândalo de escolas

Papa Francisco durante audiência no Vaticano

Redazione Ansa

(ANSA) - O papa Francisco recebeu nesta quinta-feira (31) mais uma delegação de indígenas do Canadá e ouviu um pedido para a Igreja abrir os registros sobre crianças levadas à força para antigos internatos católicos no país.

O encontro reuniu cerca de 20 dirigentes da Assembleia das Primeiras Nações (do inglês "First Nations", como são chamados os povos nativos do Canadá) e girou em torno do escândalo das centenas de sepulturas sem nome descobertas no ano passado em antigas escolas geridas pela Igreja.

Segundo o Vaticano, a reunião ocorreu em um clima de "escuta e proximidade", dando sequência à audiência da última segunda-feira (28) com indígenas dos povos métis e inuit.

No entanto, os nativos cobraram nesta quinta que a Igreja abra os registros que permitam identificar e rastrear crianças nascidas em famílias indígenas e subtraídas à força de seus pais legítimos para serem levadas a internatos católicos.

"As escolas residenciais tiveram um impacto devastador em nossas comunidades e nossa cultura. A Igreja Católica precisa ter um papel significativo no retorno de nossas crianças. Documentos e registros podem ajudar a identificá-las e a curar as famílias que sofreram perdas enormes, frequentemente sem sequer saber o que havia acontecido", disse Rosanne Casimir, uma das representantes das Primeiras Nações que se reuniram com o Papa.

Francisco voltará a receber os indígenas nesta sexta-feira (1º), quando deve pronunciar um discurso - os nativos também esperam um pedido formal de desculpas.

No ano passado, investigações descobriram centenas de sepulturas sem nome em antigos internatos católicos para crianças indígenas no Canadá.

Essas escolas do governo eram geridas pela Igreja com o objetivo de "educar" os nativos de acordo com os preceitos cristãos, mas essas crianças eram tiradas à força de suas comunidades e obrigadas a abandonar seus costumes e sua língua.

Além disso, os alunos eram vítimas frequentes de abusos sexuais e físicos por parte dos professores. Os primeiros túmulos foram encontrados em maio de 2021, mas a Igreja Católica no Canadá pediu desculpas apenas em setembro, após ter visto paróquias serem queimadas em protestos de indígenas.

Estima-se que cerca de 150 mil nativos tenham passado por esses internatos até a década de 1970. (ANSA)

Leggi l'articolo completo su ANSA.it