Vaticano

Papa critica guerra e cobra medidas contra agressão infantil

Francisco iniciou visita de dois dias à ilha de Malta

Redazione Ansa

(ANSA) - Em seu primeiro compromisso em Malta, o papa Francisco cobrou uma medida contra a "agressão infantil e destrutiva" promovida na guerra na Ucrânia e fez duras críticas à invasão russa.

Durante discurso às autoridades de Malta, onde chegou para uma visita de dois dias, o Pontífice pediu "uma medida humana contra a agressão infantil e destrutiva que nos ameaça, diante do risco de uma guerra fria prolongada que pode sufocar a vida de povos e gerações inteiras".

Francisco evocou as "trevas da guerra" que ameaçam a Europa, alertou para uma possível "Guerra Fria alargada" e citou uma intervenção do político e ativista italiano Giorgio La Pira, ao falar do "infantilismo da humanidade".

"Infelizmente, esse infantilismo não desapareceu. Ele ressurge esmagadoramente nas seduções da autocracia, dos novos imperialismos, na agressão generalizada, na incapacidade de construir pontes e partir dos mais pobres", disse.

O líder da Igreja Católica destacou que "foi precisamente do leste da Europa, que chegaram as trevas da guerra".

"Pelo leste da Europa, pela terra onde o sol nasce, as sombras escuras da guerra agora se espalharam. Nós achávamos que invasões a outros países, batalhas selvagens pelas ruas e ameaças atômicas eram lembranças sombrias de um passado distante", afirmou.

"No entanto, os ventos gelados da guerra, que trazem apenas morte, destruição e ódio em seu rastro, varreram poderosamente a vida de muitas pessoas e afetaram a todos nós", completou.

Apesar de não citar o nome do presidente da Rússia, Vladimir Putin, o argentino fez duras críticas ao mandatário que ordenou a invasão à Ucrânia no último dia 24 de fevereiro.

"Mais uma vez, um potentado - soberano de um Estado, detentor de poder e riqueza -, tristemente fechado em reivindicações anacrônicas de interesses nacionalistas, está provocando e fomentando conflitos, enquanto as pessoas comuns querem construir um futuro", enfatizou.

Além disso, o Papa alertou para o agravamento da emergência migratória, com os refugiados da "martirizada Ucrânia", pedindo "respostas amplas e partilhadas".

"Não podem apenas alguns países arcar com o problema inteiro, na indiferença de outros! Nem podem países civis sancionar, para seu próprio interesse, acordos obscuros com criminosos que escravizam as pessoas. Infelizmente, isto acontece", advertiu.

"Há tempos que a guerra tem vindo a ser preparada, com grandes investimentos e comércio de armas. E é triste ver como o entusiasmo pela paz, surgido depois da 2ª Guerra Mundial, se enfraqueceu nas últimas décadas, bem como o percurso da comunidade internacional, com alguns poderosos que avançam por conta própria à procura de espaços e zonas de influência", denunciou o Papa.

Por fim, Jorge Bergoglio ressaltou que os problemas globais requerem soluções globais, num diálogo "cada vez mais alargado".

"Precisamos de compaixão e cuidados, não de visões ideológicas e populismos, que se alimentam com palavras de ódio e não levam a peito a vida concreta do povo, da gente comum", apelou.

A viagem de dois dias para Malta deveria ter ocorrido em 31 de maio de 2020, mas foi adiada por conta da pandemia de Covid-19 - que havia chegada ao continente europeu apenas três meses antes.

Malta é um dos países europeus que mais recebem migrantes que tentam a travessia pelo Mar Mediterrâneo - ao lado da Itália, Chipre, Grécia e Espanha. (ANSA)

Leggi l'articolo completo su ANSA.it