(ANSA) - O papa Francisco alertou nesta quinta-feira (14), na missa Crismal da Quinta-Feira da Semana Santa, na Basílica de São Pedro, que um sacerdote "mundano" não passa de um "pagão clericalizado".
O líder religioso falou sobre o "funcionalismo" e a sujeição ao "pragmatismo" na vida dos padres. "A mentalidade funcionalista não tolera o mistério, aposta na eficácia. Pouco a pouco, este ídolo vai substituindo em nós a presença do Pai", disse perante a um grupo de cardeais, arcebispos, bispos e sacerdotes presentes em Roma.
Francisco advertiu para os espaços de "idolatria escondida", no interior de cada um, destacando que o funcionalismo é "um ambiente sedutor", que se centra no "poder, programas, números, planos pastorais".
De acordo com o religioso, "o funcionalista não sabe alegrar-se com as graças que o Espírito derrama sobre o seu povo e das quais poderia também alimentar-se como trabalhador que recebe a sua recompensa; mas o sacerdote com mentalidade funcionalista tem o seu alimento que é o próprio eu".
Na mensagem, o líder da Igreja Católica questionou os padres que vivem em função do "pragmatismo dos números", do "amor pelas estatísticas", que podem apagar "qualquer traço pessoal no debate e dar a proeminência às maiorias, que passam a ser, em última análise, o critério de discernimento".
Para ele, "as pessoas não se podem reduzir a números" e devem fugir da sensação de "controle" de uma lógica "que não se interessa pelos rostos e não é a lógica do amor".
"Nestes dois últimos espaços de idolatria escondida (pragmatismo dos números e funcionalismo) substituímos a esperança, que é o espaço do encontro com Deus, pela constatação empírica", acrescentou.
Durante a celebração, que inicia o Tríduo Pascal, os sacerdotes renovaram as promessas feitas no momento da ordenação e, em seguida, foi realizada a bênção dos óleos dos enfermos, dos catecúmenos e do crisma.
"Ser sacerdotes é, queridos irmãos, uma graça, uma graça muito grande, que não é antes de tudo uma graça para nós, mas para o povo. E para o nosso povo é um grande dom que o Senhor escolhe, no meio dos seus rebanho, alguns que cuidam exclusivamente das suas ovelhas, como pais e pastores", afirmou o Pontífice durante a homilia. "Não há salário maior do que a amizade com Jesus, não se esqueça disso", acrescentou.
Segundo Francisco, não há maior paz do que o perdão e todos sabem disso, portanto, os padres não devem "permitir ser desprezados com uma conduta indigna".
"Se lermos com o coração, queridos irmãos sacerdotes, estes são os convites do Senhor para sermos fiéis a ele, ser fiéis à sua Aliança, deixar-se amar, deixar-se perdoar. São convites não só para nós mesmos, mas também para que assim possamos servir, com a consciência tranquila, o santo povo fiel de Deus", explicou o argentino, lembrando que "o povo merece e também precisa disso".
Jorge Bergoglio convidou os religiosos a reservaren, diariamente, espaço para a oração e o exame de consciência, para detectar "ídolos escondidos", como o da "mundanidade espiritual". "O seu critério é o triunfalismo, um triunfalismo sem Cruz. E Jesus reza para que o Pai nos defenda desta cultura da mundanidade", enfatizou.
O Papa foi extremamente crítico, nesta questão, afirmando que "um sacerdote mundano não passa de um pagão clericalizado".
"Jesus é o único caminho para não nos enganarmos no conhecimento do que sentimos e para onde nos leva o nosso coração; é o único caminho para um bom discernimento, confrontando-nos com Jesus como se Ele estivesse também hoje sentado na nossa igreja paroquial", ressaltou.
Por fim, o Santo Padre rezou para a libertação de todos da "avidez de possuir, pois esta - a avidez de possuir - é o terreno fecundo onde crescem estes ídolos". (ANSA)
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