(ANSA) - O cardeal Angelo Becciu, que está no meio de duas grandes investigações do Vaticano por desvios financeiros, negou que tenha tido qualquer responsabilidade na demissão do ex-auditor de contas do Vaticano Libero Milone em 2017 e alegou que a decisão foi tomada pelo papa Francisco.
Em nova audiência realizada nesta quarta-feira (18), o "ex-número 2" da Secretaria de Estado contou que o Pontífice havia perdido a confiança em Milone e, portanto, estava limitado a cumprir "a ordem do Santo Padre".
"Nos últimos dias, perguntei ao Papa se podia falar livremente e ele disse que sim, por isso quero esclarecer brevemente o que sei. Não tenho responsabilidade pela renúncia do senhor Milone. Apenas cumpri a ordem do Santo Padre," disse Becciu.
Em junho de 2017, o ex-auditor de contas do Vaticano surpreendeu e anunciou que estava deixando o cargo de liderança do Escritório de Auditoria Geral (URG), um órgão criado por Jorge Bergoglio em 2014 para monitorar todas as contas da Igreja Católica.
Meses depois, ele acusou as lideranças da Santa Sé de terem provocado sua demissão sob intimidação e ameaças de prisão. Na ocasião, o Vaticano emitiu uma nota e respondeu que ele havia excedido seus deveres e investigado ilegalmente a vida privada de alguns expoentes da Santa Sé.
"Liguei para o próprio Milone pela manhã e informei-o da decisão do Papa. Os motivos foram os que foram então redigidos no comunicado de 24 de setembro de 2017, após a declarações de Milone à imprensa", lembrou Becciu, reiterando "com veemência" que não teve "nenhum papel na decisão do Santo Padre".
Becciu é um dos réus no julgamento que pretende esclarecer irregularidades na gestão dos fundos da Santa Sé, como o caso que envolve a compra de um prédio de luxo em Londres com fundos do Óbolo de São Pedro, órgão de caridade da Igreja Católica.
Em 2020, após a descoberta dos desvios, o papa Francisco retirou todos os direitos cardinais de Becciu e o removeu de seu cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Além de Becciu, outros nove são réus no julgamento, que continuará nesta quinta-feira (19) com outra audiência. São eles: a ex-assessora do cardeal Cecilia Marogna; o corretor Gianluigi Torzi; Enrico Crasso, financiador de referência da Secretaria de Estado; o ex-presidente e ex-diretor da Autoridade de Informação Financeira (AIF), René Brülhart e Tommaso Di Ruzza, respectivamente; o monsenhor Mauro Carlino, ex-secretário do cardeal; o banqueiro Raffaele Mincione; o advogado Nicola Squillace; e o funcionário da Santa Sé Fabrizio Tirabassi. (ANSA)
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