(ANSA) - O papa Francisco criticou neste sábado (4) a falta de investimento nos serviços nacionais de saúde em todo o mundo, considerando que os cortes nos recursos do setor são um "ultraje" para a humanidade.
"Precisamos trabalhar para que todos tenham acesso aos cuidados, para que o sistema de saúde seja apoiado e promovido e continue sendo gratuito. Cortar recursos para a saúde é um ultraje para a humanidade", disse o Pontífice durante audiência com a confederação Federsanità, que reúne autoridades sanitárias.
Jorge Bergoglio também destacou a importância da "integridade" do cuidado e pediu que a "cultura do descartável" seja evitada para "restituir a dignidade" aos doentes.
"Se tudo está conectado, devemos também repensar o conceito de saúde a partir de uma perspectiva integral, que abrange todas as dimensões da pessoa, não só a parte da sua patologia, mas sua condição psicológica, social, cultural e espiritual".
Para o Papa, "numa sociedade que corre o risco de ver o doente como um fardo, um custo, é preciso colocar no centro o que não tem preço, não pode ser comprado nem vendido, ou seja, a dignidade da pessoa".
Segundo o religioso, os profissionais de saúde devem "aproximar-se" dos doentes, "cortar distâncias, garantir que não haja pacientes 'série A' e 'série B', circular as energias e recursos para que nenhum fique excluído da assistência social e sanitária".
Desta forma, a proximidade, integralidade e bem comum tornam-se um "antídoto" para ajudar a combater a "cultura do descarte".
"Ver no doente um outro eu rompe as cadeias do egoísmo, faz cair o pedestal sobre o qual às vezes somos tentados a subir e nos leva a reconhecer-nos como irmãos, independentemente da língua, da geografia origem, estatuto social ou estado de saúde. Deixa de ser uma questão burocrática e passa a ser encontro, acompanhamento, partilha", acrescentou.
Jorge Bergoglio ressaltou que é necessário buscar "o bem comum, como remédio para perseguir interesses pessoais", porque "também no campo da saúde é frequente a tentação de fazer prevalecer vantagens econômicas ou políticas de alguns grupos em detrimento da maioria da população".
Por fim, ele lembrou que "a pandemia nos ensinou que 'salvar quem puder' rapidamente se traduz em 'todos contra todos', alargando o fosso entre as desigualdades e aumentando o conflito".
"Quando um país perde esta riqueza, da saúde pública, começa a fazer distinções entre a população: os que têm acesso, os que podem ter saúde, pagando; e os que estão sem serviço de saúde. Por isso, é uma riqueza vossa, aqui na Itália, a saúde pública: não a percam, por favor, não a percam", insistiu. (ANSA)
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