(ANSA) - O papa Francisco voltou a falar da guerra na Ucrânia em uma mensagem pelo Dia dos Pobres, que será celebrado em novembro, nesta terça-feira (14) e criticou as "superpotências" que querem impor "suas vontades" contra outros povos.
O texto inicia citando que há alguns meses o mundo estava "saindo da tempestade" provocada pela pandemia de Covid-19 e começava a dar "sinais de recuperação econômica que restituiriam alívio para milhões de pessoas empobrecidas por conta da perda de trabalho".
"A guerra da Ucrânia veio e se juntou às guerras regionais que nesses anos vêm causando morte e destruição. Mas, ali o quadro se apresenta mais complexo pela intervenção direta de uma 'superpotência', que pretende impor a sua vontade contra o princípio de autodeterminação dos povos. Se repetem cenas de memória trágica e, mais uma vez, a chantagem mútua de alguns poderosos cobre a voz da humanidade que invoca a paz", criticou o líder católico referindo-se à Rússia.
Como sempre destaca, Jorge Mario Bergoglio voltou a lembrar que são os mais frágeis aqueles que sofrem com os piores efeitos de um conflito que se mostra "insensato".
"Quantos pobres gera a insensatez da guerra! Para onde quer que você olhe, constata-se como a violência atinge as pessoas indefesas e mais fracas. Deportação de milhares de pessoas, sobretudo meninos e meninas, para erradicá-los e impor a eles outra identidade. [...] São milhões de mulheres, crianças, idosos obrigados a desafiar o perigo das bombas para se colocar em um local seguro buscando refúgio como migrantes em países fronteiriços", adicionou.
Já sobre os que ficam no território em conflito, Francisco alertou que eles vivem "a cada dia com o medo e a falta de comida, água, cuidados médicos, e sobretudo nos afetos".
"Nessas situações, a razão fica obscurecida e quem sofre com as consequências são tantas pessoas comuns, que se somam ao já elevando número de indigentes. Como dar uma resposta adequada que leve alívio e paz a tantas pessoas deixadas à margem da incerteza e da precariedade?", questiona ainda.
O Papa vem se manifestando sobre a crise da Ucrânia desde o fim do ano passado, quando a tensão na região aumentou por conta de exercícios militares russos nas fronteiras com o país. E, desde que o conflito eclodiu, em 24 de fevereiro, o líder católico vem usando sua voz para cobrar a paz imediata e para alertar que são os civis os que mais sofrem com os efeitos da guerra.
No início de maio, Bergoglio tentou contato com o Kremlin para fazer uma visita formal ao país e para Kiev, mas o governo russo nunca respondeu à tentativa oficialmente.
Nesta segunda-feira (13), um dirigente do Ministério das Relações Exteriores informou à agência de notícias russa Ria Novosti que há um "diálogo aberto e reservado sobre uma série de questões" com o Vaticano. (ANSA).