Vaticano

Ucrânia convoca núncio do Vaticano por fala de Papa sobre Dugina

Cerimônia fúnebre do corpo de Darya Dugina

Redazione Ansa

(ANSA) - O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia convocou nesta quinta-feira (25) o núncio apostólico do Vaticano no país, monsenhor Visvaldas Kulbokas, para expressar sua decepção pelo recente comentário do papa Francisco sobre a morte da jornalista e analista política russa Darya Dugina.

"Estudamos cuidadosamente a citação completa do papa Francisco e decidimos convocar o Núncio Apostólico para expressar a decepção da Ucrânia", declarou o chanceler da Ucrânia, Dmitro Kuleba, citado pela agência "Ukrinform".

Em comunicado divulgada pela embaixada de Kiev na Santa Sé, o ministro diz que "a Ucrânia está profundamente decepcionada com as palavras do Papa, que confrontam injustamente o agressor e a vítima. Ao mesmo tempo, a decisão do papa Francisco de mencionar a morte de uma cidadã russa no território da Rússia, com o qual a Ucrânia não tem nada a ver".

"No dia 25 de agosto, o núncio do Vaticano na Ucrânia, Visvaldas Kulbokas, foi convidado a ir ao Ministério das Relações Exteriores a respeito das palavras do papa Francisco, proferidas durante a audiência geral de 24 de agosto, Dia da Independência da Ucrânia e dia que coincide com seis meses desde a invasão armada em larga escala da Rússia", acrescenta.

Segundo a nota oficial, Kuleba também chamou a atenção de Kulbokas para o fato de que, "desde início da invasão em larga escala da Rússia na Ucrânia, o Pontífice nunca prestou atenção especial às vítimas específicas da guerra, incluindo 376 crianças ucranianas que morreram nas mãos dos ocupantes russos". 

"O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia expressou a esperança de que no futuro a Santa Sé evite declarações injustas que causem decepção na sociedade ucraniana", concluiu a embaixada.

A convocação do núncio do Papa foi feita um dia após o embaixador da Ucrânia no Vaticano, Andrii Yurash, criticar Jorge Bergoglio por ele ter lamentado a morte de Dugina, vítima de um atentado a bomba nos arredores de Moscou no último fim de semana.

Dugina, 29 anos, era filha do influente filósofo ultranacionalista Alexander Dugin, tido pela imprensa ocidental como uma das bases intelectuais para a deriva imperialista do regime de Vladimir Putin.

A jornalista foi vítima de uma bomba instalada no automóvel que ela dirigia e acionada à distância. A Rússia acusa os serviços secretos da Ucrânia de terem planejado o atentado, mas Kiev nega envolvimento no caso.

Durante sua audiência na última quarta-feira, Francisco mencionou brevemente a morte da jornalista e disse que "os inocentes pagam o preço da guerra". No entanto, a declaração do Santo Padre foi considerada "decepcionante" pelo governo ucraniano. "Não se pode colocar na mesma categoria agressor e vítima, estuprador e estuprado", escreveu o diplomata no Twitter. (ANSA)

Leggi l'articolo completo su ANSA.it