Vaticano

Após crise, Papa promulga reforma da Ordem de Malta

Papa Francisco durante missa no Vaticano

Redazione Ansa

(ANSA) - O papa Francisco promulgou a nova Constituição da Ordem de Malta neste sábado (3), após um longo e turbulento processo de reforma da entidade.

Além disso, o pontífice dissolveu o atual Conselho Soberano da instituição, revogou seus cargos de liderança e constituiu um conselho provisório com 13 membros indicados por ele mesmo.

Esse comitê ficará responsável por organizar um capítulo geral extraordinário, uma espécie de assembleia da Ordem de Malta, em 25 de janeiro de 2023, para executar as mudanças dispostas pelo Papa.

"Com paternal solicitude, acompanhei o caminho da ordem nos últimos anos, apreciando as obras realizadas em várias partes do mundo, também graças à generosa contribuição de membros e voluntários, e constatando a necessidade de iniciar uma profunda renovação espiritual, moral e institucional em toda a ordem", diz Francisco no decreto deste sábado.

"Chegou a hora de levar adiante o processo de renovação iniciado, na fidelidade ao carisma original", acrescenta Jorge Bergoglio.

Fundada no século 11, na época das Cruzadas, a Ordem de Malta é uma das mais poderosas e influentes organizações católicas. Com um longo passado militar, a entidade hoje tem atuação sobretudo beneficente, com dezenas de hospitais e clínicas sob sua gestão.

Em dezembro de 2016, Francisco nomeou uma comissão para apurar as circunstâncias da demissão do grão-chanceler Albrecht Freiherr Von Boeselager, que teria sido motivada pela decisão deste último de autorizar a participação dos Cavaleiros de Malta em programas de distribuição gratuita de preservativos contra a propagação do vírus HIV na África.

No entanto, a ordem, que tinha como patrono o cardeal ultraconservador Raymond Burke, se recusou a cooperar com o inquérito, afirmando que a saída de Boeselager era um "caso interno".

Burke é um dos principais desafetos do Papa na Igreja Católica e já chegou até a insinuar uma possível "heresia" por causa das aberturas do pontífice a homossexuais e divorciados.

A disputa fez Francisco iniciar um processo de reforma da Constituição da Ordem de Malta, que agora passa ser plenamente subordinada à Santa Sé. (ANSA)

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