(ANSA) - O papa Francisco fez um apelo nesta quarta-feira (14) por paz e "concórdia" entre Armênia e Azerbaijão, países que voltaram a registrar confrontos em áreas fronteiriças desde o início dessa semana que já deixaram mais de 100 mortos.
"Soube com preocupação que voltaram a ser acendidos focos de tensão da região do Cáucaso. Continuemos a rezar também para que nesses territórios a relação pacífica e a concórdia prevaleçam", disse o líder católico durante a celebração uma missa em Nur-Sultan, no Cazaquistão.
As duas nações estavam em relativa calma desde o fim de 2020, quando violentos confrontos na região de Nagorno-Karabakh foram encerrados após cerca de dois meses de combates que deixaram mais de seis mil mortos.
E, como ocorreu há dois anos, Baku e Erevan se acusam mutuamente de terem iniciado a nova onda de ataques. Nesta quarta-feira, novamente, os dois governos afirmaram que há bombardeios em cidades próximas às fronteiras e que cerca de três mil moradores precisaram ser evacuados.
Em entrevista à agência russa Tass, a comissária de direitos humanos da Armênia, Kristina Grigoryan, disse que os militares azeris estão bombardeando as regiões de Gegharkunik e Syunik.
Já o Ministério da Defesa do Azerbaijão negou a acusação e disse que está só se defendendo dos ataques dentro de seu território.
"Essas vozes são uma nova ação da desinformação e uma provocação da Armênia", disse a pasta à agência russa Interfax.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou apenas que a "tensão continua" na região e anunciou que uma delegação da Organização do Tratado de Segurança Coletivo (CSTO), liderada pela Rússia, visitará a região de fronteira para analisar de perto a situação e para "apresentar um relatório formal aos líderes dos Estados-membros que será levado em consideração".
Fazem parte do grupo, além dos russos, Cazaquistão, Belarus, Quirguistão e Tadjiquistão.
A Rússia tenta atuar como mediadora da crise desde 2020 e, desde que os confrontos recomeçaram, está atuando nos bastidores para um cessar-fogo que ainda não foi aceito pelos dois governos.
Armênia e Azerbaijão estão em conflito desde o fim da União Soviética e não há nenhuma solução para a crise. Em 1988, os moradores de Nagorno-Karabakh, que são de origem armênia, declararam independência do Azerbaijão, mas o ato não foi reconhecido internacionalmente.
Até os primeiros anos da década de 1990, os conflitos armados na área deixaram cerca de 30 mil mortes e, após iniciadas as tratativas de negociação, eles foram cessados. Apesar de pequenos incidentes ao longo dos anos, a situação estava relativamente calma até setembro de 2020, quando novos conflitos explodiram e mais de seis mil morreram.
No fim daquele ano, as partes concordaram com um cessar-fogo por meio da atuação tanto da Rússia como da União Europeia e, em novembro de 2021, os líderes dos dois países assinaram um documento em que se comprometiam a manter as negociações de paz e a cessar os conflitos.
Porém, nesta segunda-feira (12), novos confrontos foram registrados em vários pontos da fronteira, nos mais sangrentos embates desde 2020. (ANSA).