(ANSA) - O papa Francisco recebeu uma série de cartas de órgãos civis e religiosos brasileiros nesta semana pedindo para que o pontífice se manifeste em prol da democracia no país por conta das eleições do próximo dia 2 de outubro.
Os documentos foram entregues para o chefe da Igreja Católica durante as celebrações no âmbito do encontro "Economia de Francisco e Clara" com jovens do mundo todo e na audiência geral no Vaticano.
Uma das cartas foi entregue pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns - Comissão Arns, que revelou o conteúdo do documento em seus canais.
"O Brasil prepara-se para escolher aqueles que irão dirigir os seus destinos, começando por quem irá assumir a presidência da República. Seria um momento de júbilo, de coesão nacional e de afirmação da soberania popular não fossem as ameaças que pairam sobre algo precioso para o povo brasileiro: a democracia", ressalta o texto.
O documento ressalta os problemas econômicos que afetam muitos brasileiros, como o aumento da pobreza e da fome, e a violência "no campo ou na cidade".
Quem também entregou uma carta ao Papa foi o candidato a deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), em texto escrito pelo candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, o ex-presidente fala do risco à democracia no caso de um segundo turno na disputa e defende medidas "urgentes" para acabar com a fome no Brasil.
Também entregou uma carta e participou do evento católico o grupo de economistas do Educafro, que alertou no documento o problema do racismo estrutural vivido no Brasil e citou as eleições deste ano.
"Com denúncias fortes contra o racismo estrutural, que domina o sistema político brasileiro e a estrutura da Igreja Católica no Brasil, o grupo entregou a carta ao papa Francisco. Essa carta tem tudo para fazer uma mexida nas eleições brasileiras, pois ela denuncia o sistema politico que é excludente, gerando estragos na vida do povo afro-brasileiro", diz o Educafro.
Em um longo documento, apontando casos de racismo tanto na sociedade como na instituição religiosa, o grupo ainda pede que o líder se manifeste tanto para os líderes da Igreja Católica e para os candidatos e partidos brasileiros pedindo por políticas públicas para as minorias. (ANSA).