Vaticano

Papa mediou troca de prisioneiros entre Rússia e Ucrânia

Papa mediou troca de prisioneiros entre Rússia e Ucrânia

Redazione Ansa

(ANSA) - O papa Francisco mediou as negociações para a troca de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia, em meio à guerra deflagrada por Moscou desde 24 de fevereiro.

A informação foi confirmada durante conversa entre o Pontífice e jesuítas na viagem ao Cazaquistão no início de setembro, mas revelada nesta quarta-feira (28).

"Alguns enviados ucranianos vieram até mim. Entre estes, o vice-reitor da Universidade Católica da Ucrânia, acompanhado do conselheiro do presidente para os assuntos religiosos", revelou o Pontífice no encontro com 19 jesuítas.

Segundo o líder da Igreja Católica, "também veio um chefe militar que trata da troca dos prisioneiros, sempre com o assessor religioso do presidente [da Ucrânia, Volodymyr] Zelensky".

"Desta vez, trouxeram-me uma lista de mais de 300 prisioneiros. Eles me pediram para fazer algo para negociar. Liguei imediatamente para o embaixador russo para ver se algo poderia ser feito, se uma troca de presos poderia ser acelerada", disse ele.

A conversa ocorreu no último dia 15 de setembro e foi divulgada pelo diretor da "La Civiltà Cattolica", padre Antonio Spadaro, que esteve presente na reunião.

O Pontífice sempre defendeu o diálogo para solucionar o conflito na Ucrânia. "Quero lembrar que no dia seguinte ao início da guerra fui à Embaixada da Rússia", especificou, lembrando a conversa com o embaixador de Moscou na Santa Sé.

"Foi um gesto inusitado: o Papa nunca vai à Embaixada. Ele recebe os embaixadores pessoalmente apenas quando apresentam suas credenciais e, ao final da missão, em uma visita de despedida. Disse ao embaixador que gostaria de falar com o presidente Vladimir Putin desde que me deixasse uma pequena janela de diálogo", explicou Francisco.

Ao mesmo tempo, segundo o religioso, ele também recebeu o embaixador ucraniano e falou duas vezes com o presidente Zelensky ao telefone, além de enviar cardeais do Vaticano para prestar solidariedade à Ucrânia.

"A presença da Santa Sé na Ucrânia tem o valor de trazer ajuda e apoio. É uma forma de expressar uma presença. A viagem a Kiev não está de forma alguma excluída. Eu tinha em mente poder ir. Parece-me que a vontade de Deus não é partir neste exato momento", enfatizou.

Questionado sobre o que pensa da guerra desencadeada por Moscou, Jorge Bergoglio respondeu que entregou suas declarações sobre o assunto para um bispo católico ucraniano, nas quais definiu a invasão como "uma agressão inaceitável, repugnante, sem sentido, bárbara". No entanto, para lidar com o conflito, é necessário estar próximo das vítimas, isso não deve impedir a reflexão.

"Aqui a vítima deste conflito é a Ucrânia. Pretendo pensar por que essa guerra não foi evitada. E a guerra é como o casamento, de certa forma. Para entender, precisamos investigar a dinâmica que desenvolveu o conflito. Existem fatores internacionais que contribuíram para causar a guerra. Já recordei que um chefe de Estado, em dezembro do ano passado, veio dizer-me que estava muito preocupado porque a Otan tinha ido às portas da Rússia sem compreender que os russos são imperiais e temem a insegurança fronteiriça", lembrou.

Para o líder da Igreja Católica, esta "não é uma justificativa mal compreendida, portanto, mas a preocupação com as recaídas".

"Ele expressou medo de que isso provocasse uma guerra, e isso estourou dois meses depois. Portanto, não se pode ser simplista no raciocínio sobre as causas do conflito. Vejo o imperialismo em conflito. E, quando se sentem ameaçados e em declínio, os imperialismos reagem pensando que a solução é desencadear uma guerra", acrescentou.

De acordo com Francisco, "está em curso uma guerra e creio ser um erro pensar que estamos em um filme de cowboy", "É um erro pensar que esta é uma guerra entre Rússia e Ucrânia e basta. Não, esta é uma guerra mundial". (ANSA)

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