(ANSA) - O papa Francisco se reuniu nesta quarta-feira (26) com padres e seminaristas ucranianos que estudam em Roma e pediu que os religiosos "rezem por seus agressores" porque isso é uma atitude cristã.
"A Igreja Católica, a Igreja, a santa mãe Igreja, é mãe de todos os povos. E uma mãe, quando seus filhos brigam, sofre. A Igreja deve sofrer perante as guerras porque as guerras são a destruição dos filhos. Como uma mãe que sofre quando os filhos não concordam ou brigam e não se falam, nas pequenas guerras domésticas, a mãe Igreja perante uma guerra como essa em seu país, deve sofrer. Deve sofrer, chorar e rezar", disse para os padres ucranianos.
"E ela deve assistir as pessoas que estão sofrendo com as consequências ruins, que perdem as casas ou são feridas pela guerra, são mortas... a Igreja é mãe e o seu primeiro papel é a proximidade com as pessoas que estão sofrendo", pontuou ainda.
Segundo o líder católico, a instituição "é uma mãe também criativa da paz" e que "busca fazer paz em certos momentos, e eu sei que nesse caso não é muito fácil, mas é o coração aberto da mãe Igreja".
"Vocês cristãos não podem tomar partido disso. É, eu sei que há a própria pátria, isso é verdade e precisamos defendê-la. Mas, andar além disso é um amor mais universal. É a mãe Igreja que deve estar vizinha a todos, a todas as vítimas. Além disso, rezem pelo pecado dos agressores, pelo 'vocês vêm aqui destruir a minha pátria e matar os meus, rezar por isso?' E isso é um comportamento cristão. Vocês sofrem muito, eu sei, estou próximo. Mas, rezem pelos agressores porque são vítimas como vocês. Não se veem as feridas na alma, mas rezem, rezem para que o Senhor os converta e exista a vontade da paz", finalizou.
Intermediação
Também nesta quarta-feira, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, falou sobre a possibilidade da Santa Sé ajudar a intermediar um acordo de paz entre russos e ucranianos.
"Nós estamos abertos e disponíveis em fazer todo o possível. Se há uma pequena abertura, certamente, vamos aproveitá-la", disse Parolin ao ser questionado sobre a possibilidade de Moscou aceitar a ação do Vaticano.
"A declaração do Kremlin de ontem com a sua posição - que é de abertura - deixa uma esperança, mas até agora não sabemos o que significam essas palavras e quais desenvolvimentos poderemos fazer", acrescentou o número 2 do Vaticano.
A fala do cardeal refere-se a uma declaração do porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, que disse ver como "positiva" a ideia da França de incluir o papa Francisco e os Estados Unidos nas negociações para resolver a guerra na Ucrânia. (ANSA).