Vaticano

Migrantes morrem enquanto se discute seu destino, diz Papa

Líder da Igreja Católica voltou a defender acolhimento

Redazione Ansa

(ANSA) - O papa Francisco afirmou nesta segunda-feira (14) que migrantes continuam "morrendo nas rotas do desespero" enquanto os países discutem "sobre seu destino".

A declaração foi dada durante audiência com uma federação de entidades beneficentes cristãs, na esteira da crise diplomática entre Itália e França por conta do resgate de pessoas no Mediterrâneo.

"Pensemos nos muitos jovens forçados a deixar a própria terra em busca de uma existência digna; nos muitos homens, mulheres e crianças que enfrentam viagens desumanas e violências de todo tipo; nos muitos que continuam morrendo nas rotas do desespero enquanto se discute sobre seu destino ou se olha para outro lado", afirmou.

De acordo com o líder católico, as "migrações forçadas para fugir de guerras, da fome, de perseguições ou das mudanças climáticas são um dos grandes males desta época. "Só conseguiremos enfrentar suas raízes garantindo um desenvolvimento real de todos os países", acrescentou.

Na semana passada, o governo francês autorizou o desembarque do navio humanitário Ocean Viking, da ONG SOS Méditerranée, que havia socorrido 234 pessoas no Mediterrâneo Central no fim de outubro e fora recusado pela Itália, país europeu mais próximo do local dos resgates.

Em contrapartida, a gestão do presidente Emmanuel Macron suspendeu um acordo para acolher 3,5 mil solicitantes de refúgio que vivem em solo italiano e aumentou os controles na fronteira entre os países. A premiê Giorgia Meloni, por sua vez, qualificou a reação de Paris como "agressiva e injustificável".

De acordo com o Ministério do Interior, a Itália já recebeu 90,3 mil migrantes forçados via Mediterrâneo em 2022, crescimento de 56% sobre o mesmo período do ano passado.

A maior parte dessas pessoas, no entanto, segue viagem rumo a países ao norte, como a Alemanha e a própria França, que até agosto contabilizavam 238,7 mil e 134,4 mil solicitantes de refúgio, respectivamente, segundo o gabinete de estatísticas da UE, contra 61,8 mil da Itália.

Já o último relatório anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) aponta que, no fim de 2021, a França abrigava cerca de 500 mil refugiados, contra 145 mil da Itália.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), quase 1,4 mil pessoas já morreram ou desapareceram tentando concluir a travessia do Mediterrâneo Central em 2022. (ANSA)

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