Vaticano

Papa lamenta morte de líder histórica das Mães da Praça de Maio

Hebe de Bonafini faleceu neste domingo aos 93 anos

Hebe de Bonafini é considerada uma das maiores ativistas pelos direitos humanos da Argentina

Redazione Ansa

(ANSA) - O papa Francisco lamentou a morte da líder histórica da Associação das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, em uma mensagem enviada à entidade ainda neste domingo (20), informou a própria organização.

A argentina faleceu na manhã de ontem aos 93 anos após passar dias internada em um hospital.

"Nesse momento de dor pela morte de Hebe de Bonafini, mãe da praça, quero estar próximo a vocês e a todas as pessoas que choram a sua partida. Ela soube transformar sua vida, como vocês, marcada pela dor dos filhos e filhas desaparecidos em uma busca incansável pela defesa dos direitos dos mais marginalizados e invisíveis", diz o texto.

No documento, o líder da Igreja Católica lembrou de um encontro que teve com Bonafini no Vaticano e disse que a argentina "transmitia sua paixão por querer dar voz a quem não tinha".

"Sua valentia e coragem, em momentos onde imperava o silêncio, impulsionou e depois manteve viva a busca pela verdade, pela memória e pela justiça. Uma busca que a levou a marchar semanalmente para que o esquecimento não tomasse as ruas e a história, e o compromisso com o outro foi a melhor palavra e antídoto contra as atrocidades cometidas", pontuou ainda.

O pontífice ainda diz que reza ao Senhor para que "lhe dê o descanso eterno e que não permita que todo o bem realizado seja perdido". "E para vocês, que ele as conforte e as acompanhe para continuar a ser as Mães da Memória", finaliza.

Nascida como Hebe María Pastor, a ativista pelos direitos humanos cresceu em uma família de classe média de Buenos Aires. Em abril de 1977, no ápice da ditadura militar, fez o primeiro protesto ao lado de outras 13 mulheres em frente à sede do poder da capital argentina pedindo pelos desaparecidos. Bonafini perdeu o filho e a nora para a ditadura daquela época.

Pouco mais de um ano depois, a Associação das Mães da Praça de Maio foi oficialmente constituída.

Desde então, a organização lutou para encontrar os paradeiros dos mais de 30 mil que desapareceram durante o regime militar e ajudou a localizar crianças que haviam sido roubadas das famílias e entregues para a adoção sem consentimento. (ANSA).
   

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