(ANSA) - O papa Francisco escreveu nesta sexta-feira (16) sua mensagem para o "Dia Mundial da Paz", celebrado em 1º de janeiro de 2023, e afirmou que a guerra russa na Ucrânia é uma "derrota" para toda a humanidade.
"Esta guerra e os demais conflitos espalhados pelo globo representam uma derrota não só para as partes diretamente envolvidas, mas também para toda a humanidade", diz o Pontífice.
Com o tema "Ninguém pode salvar-se sozinho. Juntos recomecemos a partir da Covid-19 para traçar caminhos de paz", o texto traz uma reflexão dedicada ao mundo pós-pandemia, além da lamentação do Papa.
Francisco lembra que, "no momento em que ousamos esperar que o pior da noite da pandemia tivesse passado, assistimos ao surgimento de outro flagelo: a guerra na Ucrânia".
"Certamente, esta não é a era pós-Covid que esperávamos. Enquanto para a Covid-19 se encontrou uma vacina, para a guerra ainda não se encontraram soluções adequadas", disse o religioso, garantindo que "o vírus da guerra é mais difícil de derrotar porque não vem de fora, mas de dentro do coração humano, corrompido pelo pecado".
O líder da Igreja Católica destaca ainda que a invasão russa na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, ceifa vítimas inocentes e espalha a incerteza, não só para os que são diretamente afetados por ela, mas de forma generalizada e indiscriminada para todos, mesmo para aqueles que, a milhares de quilômetros de distância, sofrem os seus efeitos colaterais".
"Basta pensar nos problemas do trigo e nos preços dos combustíveis", acrescenta o religioso.
De acordo com o argentino, as diversas crises, incluindo políticas e econômicas, estão "todas interligadas" e devem ser enfrentadas "com responsabilidade e compaixão".
"Devemos revisitar o tema de garantir a saúde pública para todos; promover ações de paz para encerrar os conflitos e guerras; cuidar de nossa casa comum de maneira concertada e implementar políticas claras e eficazes para enfrentar as mudanças climáticas; combater o vírus da desigualdade e garantir alimentação e trabalho decente para todos, apoiando quem não tem nem um salário mínimo", alertou.
Para Jorge Bergoglio, "o escândalo dos famintos dói" e é preciso "desenvolver, com políticas adequadas, o acolhimento e a integração, especialmente em relação aos migrantes e aos rejeitados".
Ele defende que somente "a paz que nasce do amor fraterno e desinteressado" pode ajudar a "superar as crises pessoais, sociais e mundiais". "Juntos, na fraternidade e solidariedade, que construímos a paz, garantimos a justiça, superamos os acontecimentos mais dolorosos", ressaltou.
O Santo Padre convida todos a "mudar o coração" e destaca que é preciso reforçar o "sentido comunitário e de fraternidade" pós-pandemia.
"A maior lição que a Covid-19 nos deixa em herança é a consciência de que todos precisamos uns dos outros, que o nosso maior tesouro, ainda que o mais frágil, é a fraternidade humana, fundada na filiação divina comum, e que ninguém pode salvar-se sozinho", afirmou.
Por fim, o religioso elogiou a resposta das autoridades mundiais à crise provocada pela pandemia, classificando o empenho, em alguns casos, de "heroico". (ANSA).