Vaticano

Papa lamenta excesso de mortes no ambiente de trabalho

Pontífice voltou a criticar exploração dos mais pobres

Papa Francisco se reuniu com representantes da CGIL em audiência no Vaticano

Redazione Ansa

(ANSA) - O papa Francisco lamentou nesta segunda-feira (19) o excesso de mortes no ambiente de trabalho em todo o mundo e voltou a condenar a exploração dos mais pobres durante uma audiência com representantes de um dos maiores sindicatos da Itália, a Confederação-Geral Italiana do Trabalho (CGIL).

"Há ainda muitos mortos, mutilados e feridos nos locais de trabalho. Cada morte no trabalho é uma derrota para toda a sociedade. Mais do que contar os números no fim de cada ano, devemos lembrar seus nomes porque eles são pessoas, não números", afirmou aos presentes.

Segundo o líder católico, não é possível colocar no mesmo nível "o lucro e as pessoas" porque a "idolatria ao dinheiro tende a atropelar tudo e não protege as diferenças".

"É preciso formar-se para ter no coração a vida dos funcionários e para educar-se para levar a sério as normas de segurança. Só uma sábia aliança pode prevenir os incidentes, que são tragédias para as famílias e as comunidades", pontuou.

Em outro ponto do seu discurso à CGIL, o pontífice ressaltou que uma de suas maiores preocupações é a "exploração das pessoas como se elas fossem máquinas de performance".

"Há formas violentas, como a contratação ilegal e a escravidão dos trabalhadores na agricultura ou na construção civil e em outros locais de trabalho. Há a obrigação para turnos massacrantes, o jogo baixo nos contratos, o desprezo da maternidade, o conflito entre trabalho e família. Quantas contradições e quantas guerras entre pobres ocorrem por causa do trabalho", ressaltou.

Francisco ainda alertou que nos últimos anos cresceu cada vez mais os "trabalhadores pobres", ou seja, "as pessoas que mesmo tendo um trabalho, não conseguem manter suas famílias e dar esperança de futuro".

Citando o que chama de "cultura do descarte", um dos temas mais recorrentes desde o início de seu Pontificado em 2013, o líder católico chamou a prática de "praga que invadiu também o mundo do trabalho".

"Você encontra isso, por exemplo, nos locais onde a dignidade humana é atropelada pelas discriminações de gênero - por que uma mulher deve ganhar menos que um homem? -, na precarização dos jovens - por que é preciso atrasar as escolhas de vida por causa de uma precariedade crônica? - ou ainda na cultura da redundância - por que os trabalhos mais extenuantes são tão pouco protegidos?", questionou. (ANSA).
   

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