(ANSA) - Bento XVI, morto neste sábado (31), aos 95 anos de idade, foi o primeiro papa a iniciar uma campanha de "tolerância zero" para erradicar a praga da pedofilia no clero e punir os culpados, incluindo bispos que fizeram vista grossa para os abusos de seus subordinados, mas também teve de lidar com acusações de conivência.
Em 2005, quando ainda era cardeal, denunciou a "imundície na Igreja" durante a Via Crucis pascoal, poucos dias antes de assumir o lugar de João Paulo II no trono de Pedro.
Como pontífice, Bento XVI defendia máxima transparência em todos os casos de abusos, combatendo o hábito de apenas mudar padres pedófilos de diocese, mas, ao longo dos anos, diversos escândalos por todo o mundo abalariam a imagem da Igreja Católica e arranhariam o próprio Ratzinger.
Um relatório independente divulgado em janeiro passado aponta "comportamentos errôneos" de Bento XVI em pelo menos quatro casos ocorridos durante o período em que ele foi arcebispo de Munique e Freising (1977-1982), na Alemanha.
Um desses episódios diz respeito ao padre pedófilo Peter Hullerman, transferido de Essen para Munique em 1980, após ter sido acusado de violentar um garoto de 11 anos. Após a transferência, o sacerdote cometeu novos crimes, e uma de suas vítimas denunciou Ratzinger recentemente por acobertamento.
O relatório contém uma declaração por escrito em que o papa emérito negava que soubesse do histórico de crimes de Hullerman.
No entanto, após a repercussão negativa do documento, Bento XVI retificou seu pronunciamento e admitiu ter participado de uma reunião em janeiro de 1980 para discutir o caso do padre pedófilo.
Em 2019, já fora do comando da Igreja, Ratzinger também causou polêmica ao afirmar que os escândalos de pedofilia eram resultado da "liberdade sexual" defendida pelo movimento de maio de 1968.
"Entre as liberdades pelas quais a revolução de 1968 tentou lutar, está a liberdade sexual desenfreada, que não se curva mais a qualquer norma", defendeu Bento XVI. (ANSA)
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