(ANSA) - O papa emérito Bento XVI, morto no último dia 31 de dezembro, aos 95 anos, revelou, em carta enviada ao seu biógrafo semanas antes de morrer, que a insônia foi o "motivo central" de sua renúncia em 2013.
O documento, que foi divulgado pela revista alemã "Focus" nesta sexta-feira (27), foi enviado para o biógrafo alemão Peter Seewald no dia 28 de outubro de 2022.
No texto, Joseph Ratzinger explica que o "motivo central" de sua demissão em fevereiro de 2013 é a "insônia que havia o acompanhado ininterruptamente desde a Jornada Mundial da Juventude de Colônia", em agosto de 2005, poucos meses depois de ter sido eleito para suceder João Paulo II.
O médico pessoal do então líder da Igreja Católica prescreveu "remédios potentes" na ocasião, que inicialmente permitiram manter seu posto de trabalho. Mas, segundo o religioso, os soníferos atingiram seus "limites" ao longo do tempo e teriam sido "cada vez menos capazes de garantir" sua disponibilidade.
Ainda de acordo com a carta, citada pela revista Focus, tomar os remédios para dormir também teria sido a causa de um acidente durante uma viagem ao México e a Cuba em março de 2012. Na manhã depois da primeira noite da viagem, Bento XVI descobriu seu lenço "totalmente encharcado de sangue".
"Devo ter batido em alguma coisa no banheiro e caído", escreveu ele, lembrando que um médico conseguiu garantir que as feridas não ficassem visíveis.
Na ocasião, um outro médico particular teria insistido, após este incidente, em prescrever uma "redução do uso de pílulas para dormir" e também aconselhou Bento XVI a participar apenas de eventos matinais durante suas viagens ao exterior.
O Papa emérito afirma ainda em sua carta que estava bem ciente de que essas restrições médicas "só poderiam ser sustentáveis por um curto período de tempo" e essa observação o levou a renunciar em fevereiro de 2013, poucos meses antes da Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro, que ele acreditava não ser capaz de "enfrentar".
Desta forma, portanto, ele renunciou cedo o suficiente para que seu sucessor, o papa Francisco, honrasse esta visita ao Brasil.
Líder da Igreja Católica entre 2005 e 2013, Bento XVI morreu no dia 31 de dezembro, aos 95 anos de idade, e foi sepultado nas criptas da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Em 2013, ele se tornou o primeiro papa a renunciar em cerca de 600 anos. (ANSA).