(ANSA) - Em mais uma entrevista às vésperas de completar 10 anos de pontificado, o papa Francisco foi questionado sobre sua abordagem de inclusão de pessoas homossexuais dentro da Igreja Católica. A agência argentina Infobae citou a frase dita por ele em sua viagem internacional, ao Brasil, em 2013, sobre quem era ele para julgar as pessoas que buscam por Deus.
"A grande resposta já nos deu Jesus: todos, todos dentro [da igreja]. Quando os convidados não queriam ir para um banquete, ele disse: 'vão lá e chamem todos'. Bons, ruins, velhos, jovens, meninos, todos. Essa é uma igreja de pecadores. Não sei onde é a Igreja dos santos porque aqui todos somos pecadores. E quem sou eu para julgar alguém de boa vontade? Se ela está mais do lado do diabo, bem, nos defendemos um pouco. Mas hoje há muita lente de ampliação nesse problema e acredito que é preciso ir para o essencial do Evangelho: Jesus chama todos", disse.
Ele também lembrou das declarações que deu na Irlanda e em uma entrevista com a Associated Press, quando falou para os pais cuidarem dos seus filhos homossexuais em casa e condenando a criminalização da homossexualidade em diversos países do mundo, respectivamente.
O líder católico também foi questionado sobre a questão dos celibatos dos padres e afirmou que "não acredita" que haveria mais sacerdotes se o ponto foi abolido.
"Na Igreja Católica, há padres casados. Todo o rito oriental é casado. Todo. Aqui na Cúria, temos um, falei sobre isso ainda hoje, que tem sua esposa e filho. Não há contradição em um padre que se casa. O celibato na Igreja Ocidental é uma prescrição temporária: não sei se resolve de um jeito ou de outro, mas é provisória nesse sentido. Não é eterno como a ordenação sacerdotal, que é para sempre, queira você ou não. Que você saia, é uma outra questão, mas é para sempre. Já o celibato é uma disciplina", pontuou.
Francisco sempre foi contrário à abolição do celibato em diversas manifestações públicas ao longo desses quase 10 anos.
Também foi questionado sobre os católicos que se casam novamente e voltou a reafirmar - citando também o papa Bento XVI -, que muitos matrimônios na Igreja "acabam sendo inválidos por falta de fé". Francisco ainda afirmou que muitos jovens não entendem o que significa o "para sempre" e que, para aqueles que se separaram, uma conversa com o bispo local é sempre aconselhada.
Na entrevista, a Infobae ainda perguntou para o pontífice se ele viu a final da Copa do Mundo, em que a Argentina foi campeã, e ele respondeu que não porque estava em uma reunião. E ainda brincou dizendo que o jogo contra a França, e contra a Holanda nas semifinais, mostram como o argentino é.
"Começamos ganhando, todos felizes. Vamos para o segundo tempo e acabamos ganhando só nos pênaltis, por uma casualidade. Nós argentinos temos isso: começamos com entusiasmo as coisas e temos uma cultura, não sei, ao menos eu tenho, de deixar tudo pela metade. E como já nos damos por vencidos antes do tempo, ou vencemos antes do tempo. Seja no positivo ou no negativo. Nos custa terminar as coisas", disse ao repórter.
O papa Francisco ainda revelou que nunca teve celular e que todas as postagens nas redes sociais ou os e-mails enviados são escritos por ele à mão. "Eu dou para o secretário e ele manda. Não quer dizer que isso seja melhor ou pior. É um limite que tenho, uma incapacidade, digamos assim", acrescentou. (ANSA).