Vaticano

Papa volta a elogiar cardeal brasileiro em entrevista

Francisco falou sobre quando foi escolhido líder da Igreja

Papa sempre lembra das palavras do brasileiro Hummes no dia da sua eleição em 2013

Redazione Ansa

(ANSA) - Durante uma longa entrevista à agência argentina Infobae, o papa Francisco voltou a lembrar da importância de seu amigo de longa data, o cardeal brasileiro Cláudio Hummes (1934-2022), no momento em que o conclave que o levaria para o comando da Igreja Católica estava sendo realizado.

Questionado sobre o que lembrava desse processo e sobre as diferentes correntes de votação dentro da Igreja, o pontífice disse que queria "fazer uma homenagem a um grande amigo".

"O cardeal Hummes, que estava sentado atrás de mim e me procurou na primeira votação, me disse: 'não tenhas medo, assim é a obra do Espírito Santo'. Isso me emocionou porque ele morreu há pouco tempo e eu gostava muito dele. E quando na segunda eleição eu fui eleito, cheguei a dois terços e ainda acompanhava o escrutínio, aí todos me aplaudiram. Ele se levantou, me abraçou e me disse 'não se esqueça dos pobres'". Isso me tocou", afirmou.

Para o líder católico, o brasileiro "era um grande tipo, um grande homem". "Era um grande homem. Ele morreu há alguns meses.

Era silencioso, mas marcava presença. Bom, os pobres e o que conheço é São Francisco. Francisco, ponto. Quando o cardeal [Giovanni Battista] Re me perguntou 'qual nome o senhor vai escolher?', eu lhe disse 'Francisco', ponto", relatou ainda.

O repórter ainda perguntou para Jorge Mario Bergoglio se ele sabia quem fez campanha contra ele durante o conclave, ao que ele respondeu que "não" e que "se eu começar a imaginar, corro o risco de caluniar, então melhor nem fazer" disse entre risadas.

Também revelou que não votou em si mesmo, mas que não foi atrás de quem optou por ele.

América Latina 

O papa Francisco ainda foi questionado sobre questões políticas na América Latina e criticou governos ditatoriais.

Sobre a Venezuela, ao ser questionado se via alguma "luz de esperança que possa modificar o regime", o líder católico se manifestou otimista. "Acredito que sim porque são as circunstâncias históricas que vão obrigar a maneira do diálogo que eles têm. Acredito que sim, ou seja, eu nunca fecho portas a possíveis soluções - ao contrário, as fomento", pontuou.

Por mais de uma vez, o Vaticano se colocou disponível para intermediar as conversas entre o regime de Nicolás Maduro e a oposição. Atualmente, as negociações ocorrem com a participação da Noruega, Cuba e, recentemente, do Brasil no México.

O líder também foi questionado sobre a Nicarágua, na qual o governo de Daniel Ortega vem atuando contra organizações humanitárias e educacionais internacionais, incluindo católicas, e prendendo opositores e religiosos.

"Com muito respeito, não tem como não pensar que existe um desiquilíbrio na pessoa que comanda [Ortega]. Temos um bispo preso, um homem muito sério, muito capaz. Quis dar seu testemunho e não aceitou o exílio. É uma coisa muito fora do que estamos vivendo, é como se fosse trazer a ditadura comunista de 1917 ou a hitleriana de 1935, trazer para cá as mesmas... são um tipo de ditaduras grosseiras", pontuou. (ANSA).
   

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