(ANSA) - Por Fausto Gasparroni - Assim como a luta contra o flagelo dos abusos, a reforma do sistema econômico e financeiro do Vaticano tem sido uma das prioridades do pontificado de Francisco desde seu início.
A necessidade de acabar de vez com os escândalos e descuidos do passado, que deram origem a uma crise sem precedentes nos cofres da Santa Sé, inspirou uma série de reformas radicais, levando adiante e acentuando o caminho iniciado por Bento XVI rumo à "transparência financeira" e contra a corrupção e a lavagem de dinheiro.
Isso não impediu que Francisco também enfrentasse outros escândalos - como a divulgação de documentos confidenciais, a venda de propriedades do Instituto para as Obras da Religião (IOR) e a gestão dos fundos da Secretaria de Estado e do Óbolo de São Pedro -, que, no entanto, foram enfrentados com determinação e severidade sem precedentes, sem imunidade para ninguém. Pela primeira vez na história, um ex-presidente do IOR, o "banco do Vaticano", e um cardeal foram parar no banco dos réus.
A partir de 24 de fevereiro de 2014, quando Jorge Bergoglio criou a Secretaria da Economia, o Conselho da Economia e o Gabinete do Auditor-Geral para harmonizar as políticas de controle de gestão financeira da Santa Sé e do Vaticano, quase se perde a conta das medidas em matéria econômica e administrativa adotadas pelo pontífice.
Um trabalho que continuou ininterruptamente ao longo da década, desaguando na Constituição Apostólica "Praedicate Evangelium" ("Preguem o Evangelho") sobre a Cúria Romana, e que continua ainda hoje.
Basta pensar no pacote de medidas emitidas por Francisco entre janeiro e fevereiro deste ano, sendo que a que provocou mais clamor entre setores conservadores da Cúria é aquela que revogou as normas que permitiam o uso gratuito ou por valores subsidiados de imóveis de propriedade da Santa Sé por cidadãos vaticanos.
Essa mudança se aplica a cardeais, arcebispos, bispos, presidentes e secretários de dicastérios, executivos do Tribunal da Rota Romana, entre outros que passaram a pagar aluguéis semelhantes aos cobrados de pessoas que não exercem cargos diretivos.
Além das críticas dos círculos conservadores, acostumados a ver o Vaticano como um Estado da elite, quase como o Principado de Mônaco, trata-se de uma medida de racionalização financeira, de modo a destinar mais recursos para o Serviço Universal da Igreja e aos pobres, em um contexto econômico delicado.
Outra reforma, que entrou em vigor em 31 de janeiro, é a do Vicariato de Roma, que Francisco reorganizou profundamente, tornando-o mais colegial e mais ligada ao Papa, criando um órgão fiscalizador independente para verificar atividades econômico-financeiras. (ANSA)
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