Vaticano

Papa Francisco revela que Bento XVI iniciou luta contra abusos

Joseph Ratzinger morreu no dia 31 de dezembro

Redazione Ansa

(ANSA) - Em uma entrevista à TV argentina antes de sua internação, o papa Francisco destacou a importância da luta contra os casos de abusos para a Igreja e lembrou que foi Joseph Ratzinger, morto no dia 31 de dezembro de 2022, quem iniciou este processo.

"Você tem que ser honesto, foi ele quem travou a guerra contra o abuso, ele lutou até a morte com isso. Muitos não entenderam isso, mas ele já havia previsto, ele foi corajoso e eu segui seus passos", declarou o Pontífice à emissora C5N.

Ao mesmo tempo, Jorge Bergoglio observou que os casos de abusos na comunidade eclesial "não são muitos, apenas 3% dentro da Igreja, enquanto 46% ocorre na família ou nos bairros. Mas esse número é suficiente, porque a vocação de uma freira ou um padre é ajudar espiritualmente uma pessoa ao invés de usá-la para destruí-la". "O abuso deixa uma marca dura", enfatizou.

Durante a entrevista, o argentino explicou ainda que o "celibato é uma disciplina temporária" e, de fato, "na Igreja oriental os padres se casam". De acordo com ele, é uma disciplina que pode ser mudada ou não, não é um dogma".

O Papa enfatizou que, no entanto, esta questão não deve ser confundida com a dos abusos porque há uma pequena porcentagem de padres culpados por esse crime, mesmo que esse pequeno percentual "seja suficiente" para decidir lutar contra o flagelo porque o abuso realmente "deixa uma marca muito dura".

Política -

Na conversa com o jornalista Gustavo Sylvestre, o líder da Igreja Católica lançou um apelo aos políticos argentinos para se unirem e fazer algo pelo país. Ele também se referiu à fragmentação da política e "ao perigo que representam para a democracia figuras que se apresentam como salvadoras do país".

"Quando chegar um salvador sem história, desconfie", confidenciou ao repórter, insistindo no retorno ao diálogo e definindo que "a política é um serviço, não uma facção eleitoral".

"É constrangedor que um político tenha tantos divórcios políticos e tenha estado em tantos partidos e vá mudando de acordo com sua conveniência e se apresentando como salvador da pátria", afirmou ele.

Para Francisco, "a filiação política e religiosa não é uma roupa que se muda, se veste por dentro".

Sobre o avanço da extrema direita no mundo e as intensas guerras, o Papa reiterou sua posição e revelou estar "preocupado porque é uma força centrípeta" e a única resposta "é a justiça social".

"Devemos lutar pela paz porque a guerra é um drama, ela nos destrói", reforçou ele, lembrando que quando um império se sente fraco, precisa fazer a guerra, ou entra no comércio de armas para testar novas armas.

Homossexuais -

Questionado se a Igreja Católica deveria incluir pessoas divorciadas ou homossexuais, o Santo Padre ressaltou que "não pode ser dividido em setores. Estão todos dentro, como diz Jesus. São todos filhos da Igreja, todos, todos, todos".

"Todos devem ser acompanhados pela Igreja", garantiu, reiterando que "todos, todos, todos" fazem "parte da Igreja". (ANSA).
   

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