Vaticano

A frágil saúde do papa Francisco e o equilíbrio no Vaticano

Redazione Ansa

(ANSA) - Por Fausto Gasparroni - Depois de ser internado novamente no Hospital Policlínico Universitário Agostino Gemelli, em Roma, para uma segunda cirurgia intestinal, que acontece após a realizada há dois anos, é difícil tentar esconder: agora a saúde do papa Francisco tornou-se uma incógnita.

E isso, ainda mais do que nos últimos dois anos, desencadeará todas as especulações possíveis sobre o "depois" de Jorge Bergoglio e sobre o fato de que é preciso se preparar para um próximo Conclave. Certamente, dentro e fora do Vaticano, há quem já o esteja fazendo.

Depois da primeira operação do cólon em 4 de julho de 2021, também feita no Gemelli, foi o próprio Pontífice quem pintou esse cenário. Foi em Bratislava, no dia 12 de setembro de 2021, quando Francisco, em visita pastoral à Eslováquia, conheceu os jesuítas da região. A primeira pergunta é um simples "como vai você?".

Mas a resposta é uma verdadeira provocação de Bergoglio: "Ainda vivo. Embora alguns me quisessem morto. Sei que houve até encontros entre prelados, que pensaram que o Papa estava mais grave do que se dizia. Eles estavam preparando o conclave. Paciência! Graças a Deus estou bem...".

Durante aquela internação, entre outras coisas, houve quem tivesse dado a "notícia" sobre a possibilidade de sua renúncia por estar gravemente doente.

"Pessoalmente, posso merecer ataques e insultos porque sou pecador, mas a Igreja não merece isso: é obra do diabo. Até contei a alguns deles", acrescenta o Papa, que também se queixa de calúnias e acusações em muitos círculos católicos.

Desde então, e ainda mais depois de sua última internação em março passado por uma infecção respiratória, quem lhe pergunta como está, o Papa Francisco responde: "ainda vivo".

Até à data, para além das audiências suspensas por internação até domingo, 18 de junho, o Pontífice continua a antecipar os seus próximos compromissos: está anunciada a viagem a Lisboa, de 2 a 6 de agosto, à Mongólia, de 31 de agosto a 4 de setembro. E em outubro haverá o Sínodo sobre a sinodalidade, enquanto hoje o Papa anunciou uma próxima Carta Apostólica sobre Santa Teresa de Lisieux.

Francisco sempre repetiu que a intenção de renunciar "nunca lhe passou pela cabeça", mesmo que já tenha assinado a carta de renúncia no início de seu pontificado, há 10 anos, em caso de eventual impedimento médico.

Mas não faltam dificuldades no exercício do seu ministério, inclusive as causadas pela persistente e tenaz "gonalgia", a dor no joelho direito devido a problemas no ligamento que o impede de se movimentar com facilidade, de ficar de pé, e que só o obrigam a "presidir" as celebrações, tanto no Vaticano como nas viagens, enquanto que as celebrações no altar são realizadas sempre pelos cardeais ou bispos.

A atual internação com uma nova operação cirúrgica reacenderá o "tam-tam", em particular alimentado pelos partidários anti-Bergoglio, sobre a saúde frágil do Papa e sobre a perspectiva de sucessão.

Nos últimos dias, falou-se do fato de que pela primeira vez, desde domingo, 2 de junho, os cardeais eleitores nomeados por Francisco desde o início de seu pontificado representam dois terços do total, ou seja, o quórum necessário para eleger um Papa em um Conclave.

A cota matemática, igual a 81 cardeais eleitores em 121, foi alcançada com o 80º aniversário do arcebispo emérito de Nápoles, Crescenzio Sepe, precisamente no dia 2 de junho. Dos outros 40 "eleitores", nove foram criados por João Paulo II e 31 por Bento XVI.

Mas mesmo que os nomeados por Bergoglio possam agora eleger um sucessor, engana-se quem pensa que se trata de um 'corpo' coeso e uniforme. Longe disso. Entre eles há de tudo, e muito mais do que apenas "progressistas" e inovadores.

Dada a sua história, o cardeal italiano Matteo Zuppi certamente poderia pertencer a este último grupo, assim como o luxemburguês Jean-Claude Hollerich, o jesuíta canadense Michael Czerny, o fiel esmoleiro polonês Konrad Krajewski, outros italianos como Paolo Lojudice e o missionário na Mongólia, Giorgio Marengo, expoente como poucos das "Igrejas da fronteira".

Entre os indicados por Francisco, porém, está também um dos líderes da frente "conservadora", o alemão Gerhard Ludwig Mueller. Igualmente conservadores são muitos americanos e muitos africanos.

Em uma posição de mediação, pode-se incluir uma figura de autoridade, como o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin. Resta saber como e para quem convergirá uma formação tão heterogênea, uma questão amplamente aberta.

E mesmo o "quando" pertence ao clássico ponto de interrogação, visto que, pelo menos por enquanto, e se as condições de saúde o permitirem, Bergoglio não parece ter intenção de desistir. (ANSA).
   

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