(ANSA) - O papa Francisco expressou neste domingo (25) proximidade à família de Emanuela Orlandi, jovem desaparecida no Vaticano em 22 de junho de 1983.
"Desejo aproveitar esta circunstância para manifestar, mais uma vez, a minha proximidade aos seus familiares, sobretudo à mãe, e assegurar a minha oração. Estendo a minha recordação a todas as famílias que carregam a dor de uma pessoa querida desaparecida", declarou o Pontífice durante a oração do Angelus.
A intervenção foi recebida com aplausos pelos mais de 20 mil fiéis presentes na Praça São Pedro, segundo dados da Gendarmaria vaticana divulgados pela sala de imprensa da Santa Sé.
Nesta semana, a família, representada pela advogada Laura Sgrò, já havia feito um apelo para o Papa lembrar de Orlandi na oração deste domingo, ressaltando que seria "um gesto importante, de caridade, em pleno espírito evangélico, que colocaria fim a qualquer polêmica e fortaleceria a vontade de todos de buscar a verdade".
"Foi um sinal positivo, não esperava, acho que é um grande avanço", comentou Pietro Orlandi, irmão da jovem. "Finalmente caiu o tabu. O Papa recordou Emanuela Orlandi, o fato de rezar é um sinal de esperança para chegar à verdade", acrescentou.
Hoje cedo, os Serviços de Segurança e Proteção Civil do Governo do Estado da Cidade do Vaticano, consultados pela ANSA, informou que os manifestantes da concentração pelo 40º aniversário do desaparecimento de Emanuela Orlandi poderiam "entrar na Praça de São Pedro com camisetas e faixas temáticas".
A nota faz referência ao protesto marcado para hoje, que começou no Largo Giovanni XXIII e continuou em direção à Praça São Pedro.
A mensagem de Francisco marca a celebração dos 40 anos do desaparecimento misterioso da adolescente, de 15 anos de idade, filha de um funcionário do Vaticano, no centro de Roma.
O caso é um dos mais longevos da Itália e diversas hipóteses foram consideradas nas últimas décadas, desde crime comum até vingança contra seu pai ou contra o Vaticano.
O filme "A verdade está no céu" (2016), de Roberto Faenza, cogita que Orlandi tenha sido sequestrada por mafiosos e jogada em uma betoneira. Nenhuma das hipóteses, no entanto, foi confirmada pela Justiça.
Em novembro de 2022, o lançamento da série "A Garota Desaparecida do Vaticano", pela Netflix, reacendeu a atenção sobre o caso, e cartazes com o rosto de Orlandi voltaram a aparecer nas ruas de Roma.
Com isso, o promotor de Justiça do Vaticano, Alessandro Diddi, abriu uma nova investigação relativa ao caso e, nos últimos dias, informou que recolheu todas as evidências disponíveis nas estruturas do Vaticano e da Santa Sé, buscando também confirmação por meio de conversas com os responsáveis por alguns escritórios na época do sumiço.
Além disso, examinou materiais, confirmando "algumas novas linhas de investigação dignas e mais aprofundada". (ANSA).