(ANSA) - A Conferência Episcopal da Ucrânia expressou nesta terça-feira (29) "tristeza" pelas palavras do papa Francisco sobre a "grande Rússia", em um discurso transmitido durante encontro de jovens em São Petersburgo no último dia 25 de agosto.
Na semana passada, Jorge Bergoglio pediu que os participantes do evento não esquecessem que eram "filhos da grande Rússia dos santos e reis, da Rússia de Pedro, o Grande, de Catarina II, do grande império russo", e "herdeiros da grande mãe Rússia".
O teor do pronunciamento, no entanto, foi alvo de polêmica e fez o governo ucraniano acusar o Pontífice de repetir a "propaganda imperialista" do Kremlin, apesar de o Vaticano negar que o religioso tenha exaltado "lógicas imperialistas".
"A menção à 'grande Rússia', com a sua grande cultura e humanidade, infelizmente atesta a continuação da existência do mito do humanismo e da grandeza do Estado, que há nove anos trava uma guerra sangrenta e brutal contra a Ucrânia", criticou o presidente dos bispos, monsenhor Vitalij Skomarovskjy.
Segundo o líder da Conferência Episcopal Ucraniana, as declarações citadas são "dolorosas e preocupantes". "Como Igreja e sociedade ucraniana, rejeitamos e consideramos inaceitável qualquer manifestação de apoio à 'paz russa', que trouxe tanta dor e sofrimento para a nossa terra e para as nossas famílias", enfatizou ele.
O monsenhor ressaltou ainda que, "tendo em conta e recordando tudo o que o papa Francisco fez e está fazendo pela Ucrânia, não há dúvidas sobre o seu apoio ao povo" do país liderado por Volodymyr Zelensky, mas está convencido de que os "mal entendidos são causados pela falta de diálogo adequado entre o Papa e a Ucrânia, a nível eclesiástico e diplomático".
Por fim, Skomarovskjy convidou os fiéis "a não se limitarem às declarações individuais do Santo Padre, mas a manifestarem a sua solidariedade com a Ucrânia nas suas ações". (ANSA).