(ANSA) - O papa Francisco se reuniu nesta quarta-feira (6), no Vaticano, com os bispos ucranianos do Sínodo de Igreja greco-católica e expressou sua "proximidade" ao povo do país.
O encontro ocorreu por iniciativa do Pontífice e começou uma hora antes do previsto para ele "ter a oportunidade de um diálogo mais longo" com os religiosos ucranianos.
Em uma conversa "franca", os bispos da Igreja greco-católica ucraniana "expressaram a dor, o sofrimento e uma certa decepção do povo" liderado pelo presidente Volodymyr Zelensky e pediram para Francisco fazer uma oração por todos aqueles "que estão morrendo" neste momento "nãos mãos do agressor russo".
"Este encontro foi um momento de escuta mútua e uma oportunidade para um diálogo franco e sincero", definiu Sviatoslav Shevchuk, arcebispo-mor de Kiev.
Na audiência, os bispos afirmaram que algumas declarações e gestos da "Santa Sé e de Vossa Santidade são dolorosos e difíceis para o povo ucraniano, que atualmente sangra na luta pela sua dignidade e independência".
"Os mal-entendidos que surgiram entre a Ucrânia e o Vaticano desde o início da guerra, em grande escala, são usados pela propaganda russa para justificar e apoiar a ideologia assassina, portanto os fiéis da nossa igreja são sensíveis a cada palavra do Santo Padre como voz universal de verdade e justiça", enfatizaram.
A declaração é dada após Jorge Bergoglio ter sido criticado pela Ucrânia por ter dito a jovens russos que eles eram "herdeiros da grande mãe Rússia", apesar de o líder da Igreja Católica dizer que queria comunicar que os jovens deveriam cuidar de sua própria herança cultural.
O argentino, por sua vez, explicou que, "de volta da Mongólia, disse que a verdadeira dor é quando a herança cultural de um povo sofre uma 'diluição' e é submetida a manipulação por parte de um determinado poder estatal, com a qual se transforma numa ideologia que destrói e mata". "É uma grande tragédia quando tal ideologia se intromete na Igreja e substitui o Evangelho de Cristo", explicou Jorge Bergoglio.
Segundo nota da Igreja greco-católica, o Papa ainda assegurou sua "solidariedade" e "proximidade constante na oração". "Estou com o povo ucraniano", disse ele, que carregava um ícone da Theotokos (Mãe de Deus) e mostrou aos bispos como um gesto especial.
"Este ícone me foi dado por sua beatitude Sviatoslav, quando ele era um jovem bispo na Argentina. Rezo diante de vocês todos os dias pela Ucrânia", acrescentou Francisco.
Durante o encontro, os bispos ucranianos também pediram a Bergoglio e à Santa Sé que continuem seus esforços para libertar os prisioneiros de guerra, em particular os sacerdotes redentoristas, Ivan Levytskyi e Bohdan Haleta, que ainda estão detidos na Rússia, e agradeceram pelas suas ações humanitárias e pela missão de paz do enviado especial do Vaticano, o cardeal Matteo Zuppi.
"Os jovens ucranianos ficaram sinceramente comovidos com a humildade das vossas palavras ao pedirem perdão pelo fato de não ter sido possível fazer mais para acabar com a guerra na Ucrânia", enfatizou Shevchuk ao Papa.
No final da audiência, o líder da Igreja greco-católica entregou ao argentino alguns pertences pessoais dos redentoristas, como uma cruz missionária, um livro de orações e um rosário. "Estas coisas testemunham o sofrimento da nossa Igreja e do seu povo em relação aos horrores da guerra causados pela agressão russa", revelou.
Além disso, deu ao Santo Padre um ícone de Jesus Cristo, que havia sido resgatado de uma igreja incendiada pelos russos na aldeia de Chervone, na região de Zaporizhzhia. (ANSA).