(ANSA) - O papa Francisco voltou a falar nesta segunda-feira (11) sobre a taxa de natalidade em declínio na Itália e expressou preocupação com o chamado "inverno demográfico".
A declaração foi dada pelo Pontífice a prefeitos italianos durante uma audiência no Vaticano.
"Estou preocupado com o problema da baixa natalidade aqui na Itália, eles não têm filhos, e os cães estão no lugar das crianças", disse ele.
Francisco pediu a todos para refletirem sobre "a responsabilidade que os italianos têm de ter filhos para criar e também de receber os migrantes como filhos".
Ele reforçou que a gestão dos fluxos migratórios não é uma tarefa fácil, "porque confia ao seu cuidado pessoas feridas e vulneráveis, muitas vezes perdidas e recuperando de traumas terríveis, e alertou que os migrantes "precisam ser retirados dos tentáculos das organizações criminosas, capazes de especular sem piedade sobre seus infortúnios".
"Tomamos conhecimento dos campos de concentração em alguns países do Norte de África, onde aqueles que querem vir para a Europa são tratados como escravos, torturados e até mortos.Vocês têm a árdua tarefa de organizar um acolhimento ordenado para eles na região, baseado na integração e na inserção construtiva, acrescentou.
O líder da Igreja Católica também disse que é preciso ter cuidado, porque "os migrantes devem ser recebidos, acompanhados, promovidos e integrados", e, "se não houver este caminho para a integração, há perigo".
No mês passado, o religioso já havia afirmado que o despovoamento na Itália é um problema e chegou a fazer um alerta contra a cultura veterinária, na qual as pessoas preferem ter animais de estimação, como gatos e cachorros, em vez de filhos.
Tanto o Papa quanto a premiê da Itália, Giorgia Meloni, têm defendido a adoção de políticas de incentivo à natalidade, em meio a uma tendência de esvaziamento que arrisca fazer o país perder 20% de sua população nos próximos 50 anos.
A Itália vem batendo seguidos recordes negativos de natalidade e registrou apenas 393 mil nascimentos em 2022, pela primeira vez abaixo dos 400 mil em um ano.
Além disso, uma projeção recente do Instituto Nacional de Estatística (Istat) apontou que a Itália pode perder 11,5 milhões de habitantes até 2070, o que significaria uma redução populacional de cerca de 20% em meio século.
Calamidades
Durante o encontro com os prefeitos, o argentino também falou sobre algumas calamidades que atingiram o território italiano e elogiou a capacidade do povo de se unir nestes momentos difíceis.
"Os problemas hidrogeológicos são hoje, infelizmente, emergências frequentes e envolvem todos; ligados a fenômenos atmosféricos que deveriam ser inusitados e extraordinários, tornaram-se habituais devido às alterações climáticas", explicou.
Francisco citou algumas recentes catástrofes, como as enchentes na região da Emilia-Romagna, na Toscana e na Sicília, lembrando que, nessas circunstâncias, todos tiveram a oportunidade de admirar "as melhores qualidades do povo italiano", que especialmente em tempos de dificuldade "sabe como se unir de forma exemplar".
"É importante e urgente, no presente e no futuro, unir esforços para proteger, no tempo e com previdência, a nossa casa comum", alertou. (ANSA).