(ANSA) - O governo dos Estados Unidos afirmou nesta segunda-feira (11) que o presidente Joe Biden tem "grande respeito" pelo papa Francisco, mas acredita que a paz na Ucrânia depende da Rússia.
O posicionamento chega dois dias depois da divulgação de uma entrevista na qual o pontífice afirma que Kiev precisa ter "coragem de levantar a bandeira branca e negociar" com Moscou e pergunta "quantas mortes" serão necessárias antes de os dois lados se sentarem para conversar.
"O presidente Biden tem grande respeito pelo papa Francisco e se une a ele nas orações pela paz na Ucrânia, que poderia ser alcançada se a Rússia decidisse colocar fim a essa guerra injusta e retirasse suas tropas do território soberano da Ucrânia", disse à ANSA um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
"Infelizmente, continuamos não vendo nenhum sinal de que Moscou queira colocar fim a essa guerra, e por isso estamos empenhados em apoiar Kiev em sua defesa contra a agressão russa", acrescentou.
As declarações de Francisco já provocaram reações negativas em diversos países da União Europeia e na própria Ucrânia, cujo presidente, Volodymyr Zelensky, disse que a verdadeira Igreja está "protegendo a vida e a humanidade, e não em algum lugar a 2,5 mil quilômetros de distância, mediando virtualmente entre alguém que deseja viver e alguém que deseja te destruir".
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, por sua vez, afirmou nesta segunda que o apelo do Papa por uma solução negociada é "bastante compreensível", mas foi "rechaçado de forma severa por parte do regime de Kiev".
Enviado
A Ucrânia convocou nesta segunda-feira (11) o enviado do Vaticano ao país, o núncio apostólico Visvaldas Kulbokas, em um gesto de repúdio à declaração do papa Francisco.
"Visvaldas Kulbokas foi informado de que a Ucrânia está decepcionada com as palavras do pontífice a respeito da bandeira branca e à necessidade de mostrar coragem e negociar com o agressor”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, em nota.
Cardeal
O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, afirmou que o papa Francisco quer uma “solução diplomática” para o conflito no leste europeu.
“O apelo do Pontífice é que se criem condições para uma solução diplomática em busca de uma paz justa e duradoura. Nesse sentido, é óbvio que a criação dessas condições não cabe apenas a uma das partes, mas sim a ambas, e a primeira condição me parece ser justamente pôr fim à agressão”, disse.
“Nunca se deve esquecer o contexto, a pergunta que foi dirigida ao Papa, que, em resposta, falou sobre a negociação e, em particular, sobre a coragem da negociação, que nunca é uma rendição", completou.
(ANSA)
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