O Vaticano divulgou nesta sexta-feira (17) novas regras para "discernir sobre aparições e outros fenômenos sobrenaturais", com o objetivo de evitar que fiéis sejam prejudicados.
O Dicastério para a Doutrina da Fé emitiu um documento, assinado pelo com.br/brasil/noticias/vaticano/2024/05/08/papa-defende-migracao-como-recurso-contra-baixa-natalidade_8a482ffa-d6e6-4b75-b6db-66b63fa4ef68.html">papa Francisco, no qual estreita e quase anula o alcance da natureza "sobrenatural" de supostos fenômenos.
Com a medida, nem o bispo local nem o Vaticano poderão mais emitir "uma declaração sobre o caráter sobrenatural do fenômeno", cabendo apenas ao líder da Igreja Católica a declaração do sobrenatural e "de forma totalmente excepcional".
As novas regras foram apresentadas em coletiva de imprensa pelo cardeal Victor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério e teólogo de confiança de Francisco; e pelo monsenhor Armando Matteo, secretário do Dicastério.
Ao todo, estão previstas "seis possíveis decisões" para se chegar em um tempo razoável a uma resolução que ajude o bispo a conduzir a situação relativa a eventos de alegada origem sobrenatural, antes que eles tomem dimensões muito problemáticas, sem um necessário discernimento eclesial".
A outra novidade é o envolvimento mais explícito do Dicastério para a Doutrina da Fé, que deverá aprovar a decisão final do bispo e terá o poder de intervir por motu proprio a qualquer momento.
De acordo com as novas regras, a Igreja poderá discernir: "se seja possível encontrar nos fenômenos de presumida origem sobrenatural a presença de sinais de uma ação divina; se nos eventuais escritos ou mensagens daqueles que são envolvidos nos presumidos fenômenos em questão nada exista de contrastante com a fé e os bons costumes; se seja lícito valorizar seus frutos espirituais ou se resulte necessário purificá-los de elementos problemáticos ou colocar de sobreaviso os fiéis quanto aos perigos deles derivantes; se seja aconselhável uma valorização pastoral por parte da Autoridade eclesiástica competente".
O Vaticano alerta também contra "a possibilidade de os fiéis serem arrastados atrás de um acontecimento, atribuído a uma iniciativa divina, mas que é apenas fruto da imaginação, do desejo de novidade, da mitomania".
"Um dos elementos para avaliar um fenômeno é prestar atenção aos supostos videntes, examinando sua honestidade e equilíbrio psíquico. Há também aqueles que se apresentam como curandeiros: se não vivem na graça santificante, é mais fácil fazer coisas estúpidas e usar esse seu dom para fazer mal", concluiu.
A nova decisão foi tomada na esteira do caso de uma estátua de Nossa Senhora em Trevignano, nos arredores de Roma, cuja dona relata a presença de lágrimas de sangue e aparições da Virgem Maria.
A proprietária da estátua, a autoproclamada vidente Gisella Cardia, realiza encontros com centenas de fiéis no terceiro dia de cada mês e alega que a escultura chora lágrimas de sangue e que a Virgem Maria faz aparições e diz mensagens de esperança.
Além desse, que atraiu grande atenção midiática, não faltam casos dentro e fora da Itália de videntes, de santas que "choram" - principalmente sangue - e aparições, conquistando a crença de fiéis.
No passado, o papa Francisco já rechaçou as supostas visões da chamada Nossa Senhora de Medjugorje, na Bósnia, afirmando que "a Virgem Maria não é uma funcionária dos correios", referindo-se às supostas aparições em horários fixos. (ANSA).
Vaticano divulga novas regras para investigar aparições
Verificação de fenômenos sobrenaturais será mais rígida