(ANSA) - O cardeal brasileiro Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, disse nesta terça-feira (15) que a falta de decisão sobre a proposta para ordenar padres casados no Sínodo da Amazônia, em 2019, causou uma "certa decepção".
Durante coletiva de imprensa sobre o com.br/brasil/noticias/vaticano/2024/07/03/papa-recebe-apelo-de-venezuelanos-sobre-eleicoes_10fb16ae-7a77-4105-9fa4-1d82fb820279.html">Sínodo da Sinodalidade, que acontece no Vaticano até o próximo dia 27 de outubro, o religioso enfatizou que o papa Francisco "não encerrou a questão".
"Temos mil comunidades e 172 sacerdotes. Como podemos trabalhar com toda a comunidade? Não se trata apenas da Eucaristia, mas da vida sacramental da comunidade", declarou Steiner.
O cardeal de Manaus destacou que, "em algumas culturas, o celibato", obrigatório para a ordenação sacerdotal, "é uma grande dificuldade" e, portanto, é preciso "continuar a falar sobre este ponto", porque até agora não foram tomadas "medidas suficientes".
No entanto, para ele, "o Papa terá capacidade de avançar" sobre o assunto.
Steiner enfatizou ainda que gostaria "que algumas comunidades mais distantes pudessem celebrar alguns sacramentos, como o batismo, mesmo que não haja padres".
Além disso, reforçou que as mulheres que levam adiante a fé na região amazônica, "para nós, são diáconos em todos os aspectos", especificando que não se refere à sua ordenação formal sobre a qual a Igreja Católica não tomou uma decisão.
"O papel da mulher na Amazônia é essencial. Vivemos sem presbíteros há mais de 100 anos e as comunidades continuaram a avançar, a rezar, e as mulheres são essenciais para trazer a vida das comunidades adiante", disse.
Por fim, explicou que "existe uma comissão de estudo sobre o diaconado feminino, recordando que "já estava presente" na Igreja primitiva. "Por que não reinstituir o diaconado para as mulheres? A missão das mulheres na Igreja é fundamental. Não é uma questão de gênero, é uma questão de vocação", concluiu.
No Sínodo da Amazônia, estava em discussão uma proposta que previa a extensão do sacerdócio aos chamados "viri probati", homens casados, de fé comprovada e capazes de administrar espiritualmente uma comunidade de fiéis.
Um relatório de bispos de língua portuguesa pediu explicitamente que Francisco aceitasse homens casados como padres, "preferivelmente indígenas, respeitados e reconhecidos por sua comunidade, ainda que já tenham uma família.
Um dos principais desafios para o catolicismo na Amazônia é a escassez de padres, o que faz com que muitos fiéis não recebam os sacramentos que estão na base da religião, como a comunhão.
(ANSA).
Cardeal brasileiro critica falta de decisão sobre padres casados
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