(ANSA) - Viajar pelo interior do Brasil, especialmente no Sul e Sudeste, muitas vezes significa percorrer a história da imigração italiana e ver de perto o legado do maior movimento migratório internacional da história do país.
É o caso de Caxias do Sul, importante cidade gaúcha de meio milhão de habitantes e que tem sua trajetória intimamente ligada à coragem de italianos que cruzaram o Oceano Atlântico em busca de uma vida melhor no Brasil.
Os primeiros colonos italianos se estabeleceram no que viria a ser Caxias do Sul em 1875, e hoje o município oferece rotas turísticas ideais para quem deseja conhecer mais sobre esse passado.
Um desses roteiros, chamado Estrada do Imigrante, inclui duas casas de pedra e barro construídas pelo italiano Henry Bonnet em 1877 e 1879 para abrigar estrangeiros que chegavam à região no fim do século 19. Atualmente, as Casas Bonnet são mantidas pela família Tonietto, que busca resgatar a cultura e as tradições de seus antepassados em um espaço com comida colonial italiana, adega, passeio de carretão e dois museus.
"O município é rico em história e tradições italianas e outras culturas, além de possuir paisagens e lugares encantadores que os próprios caxienses muitas vezes desconhecem", diz Celestino Oscar Loro, presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias).
O Roteiro Estrada do Imigrante também passa pela centenária Igreja de Pedra Sacro Cuore di Gesú e Maria, construída em 1892 como promessa de um italiano que havia perdido a família na guerra. Ali perto, a Gruta Nossa Senhora de Lourdes da Terceira Légua faz missas em uma área natural sob uma cachoeira e oferece um dos melhores destinos no Brasil para rapel e escalada.
Já o Roteiro Turístico do Vale Trentino, entre Caxias do Sul e a vizinha Farroupilha, passa por inúmeras vinícolas comandadas por famílias de origem italiana, como Casa Perini, Casa Onzi, Cappelletti, Don Giusepp, Santini e D'Motter, que ajudaram a criar uma das mais importantes zonas viticultoras do país.
Ainda no Vale Trentino, o Museu da Uva e do Vinho Primo Slomp conta a trajetória do cultivo da fruta na região, além da história dos imigrantes italianos e seus costumes. O passado de Caxias do Sul também é exaltado no Monumento Nacional ao Imigrante, obra em bronze inaugurada pelo escultor Antonio Caringi em 1954 e que retrata um casal de estrangeiros e um bebê de colo, homenageando todas as etnias que contribuíram para o progresso do Brasil.
Já o Monumento Epopeia Imigrante é composto por 15 painéis que resgatam a jornada dos estrangeiros desde sua partida da Itália, passando pela travessia do Atlântico, até seu estabelecimento no Rio Grande do Sul. Feito por Jesiel Bellini e André Gnatta, o conjunto foi inaugurado em 2012 e mostra os costumes, a religiosidade, o trabalho e a vida familiar dos imigrantes.
Além de monumentos e locais históricos, a cidade é palco todos os anos da Festa Nacional da Uva, símbolo da Serra Gaúcha e que também celebra a cultura dos imigrantes italianos.
Para ajudar a promover esse aspecto cultural e enogastronômico da cidade, a CIC Caxias criou em 2021 o programa "Caxias Rota Sabor e Aventura", voltado a fomentar o turismo de experiências, setor que mais cresceu no município após a pandemia. O projeto reúne cervejarias, vinícolas, restaurantes, confeitarias, locais de cultura e natureza, além de hospedagens.
"Incentivar o turismo de experiências permite que a população descubra muitos atrativos. Este movimento fez com que empreendedores se organizassem e melhorassem a estrutura física e a gestão para promover boas experiências ao seu público", diz Loro. (ANSA)
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