Noticias

Cidade pioneira se prepara para 150 anos da imigração italiana

Santa Teresa (ES) tem calendário de eventos pronto para 2024

Rua do Lazer, em Santa Teresa (Foto: Governo do Espírito Santo)

Redazione Ansa

(ANSA) - Por Nadedja Calado - A cidade de Santa Teresa, na região serrana do Espírito Santo, é conhecida como lar dos beija-flores e das orquídeas. Mas seu predicado preferido, reconhecido inclusive pelo governo federal, é o de pioneira na imigração italiana no Brasil, história que completa 150 anos em 2024.

A efeméride será celebrada oficialmente em 21 de fevereiro, data que remete à chegada a Vitória do navio "La Sofia", em 1874, com quase 400 italianos. Parte deles se instalou no local onde hoje fica Santa Teresa, que prepara uma programação intensa de eventos para festejar a ocasião.

Embora o município de São João Batista, em Santa Catarina, também reivindique o pioneirismo, uma lei federal sancionada pelo então presidente Michel Temer concedeu oficialmente a distinção à cidade espírito-santense.

"Aqui, 97% das famílias são de descendentes de italianos. Ainda temos muitos 'nonnos' que falam dialeto e temos orgulho desse título. Nossa arquitetura veio de lá, a cultura italiana está muito presente, tudo remete ao Vêneto, ao Trento, à época em que esses imigrantes chegaram. Aqui, você também se sente um pouco na Itália", disse o secretário de Turismo e Cultura de Santa Teresa, Rodrigo Brito, em entrevista à ANSA.

A italianidade está presente na maioria dos eventos culturais e na vida social da cidade, como o Circolo Trentino, a Festa do Imigrante, que acontece há 40 anos, ou a Casa Lambert, primeira residência construída em Santa Teresa, em 1875, e que hoje registra a história da imigração.

De acordo com Brito, o calendário de eventos foi elaborado ao longo de três anos e estruturado para espalhar as festividades ao longo de 2024 inteiro. "Em 21 de fevereiro, é celebrada a emancipação política da cidade, e 22 é o Dia do Colono Italiano.

Em junho, teremos a terceira edição de um teatro musical italiano com 300 crianças de escolas públicas, que já é um sucesso", afirmou.

A lista também inclui o Caminho do Imigrante, que percorre o trajeto de cerca de 30 quilômetros feito pelos primeiros italianos para ocupar suas terras, a partir do município vizinho de Santa Leopoldina, em 2 de maio, e a Festa do Imigrante, com a Carretela Del Vin (desfile cultural tradicional), em junho.

Com o turismo como principal mola propulsora da economia de Santa Teresa, Brito disse que a expectativa é de manter os visitantes fiéis e conquistar novos: "Costumamos receber um público familiar, casais com pais idosos e com crianças, e casais jovens que buscam momentos românticos.

Atendemos também muito público das grandes cidades do estado porque somos um destino de montanha, que essas pessoas visitam buscando o bucolismo e o descanso".

Embora as estimativas econômicas ainda estejam sendo elaboradas, o município, que normalmente recebe 25 mil pessoas por fim de semana, espera ver esse número aumentar para 30 mil com as celebrações de 2024, ultrapassando a marca de 1,5 milhão de turistas ao longo do ano.

"Estamos mirando todas as capitais do Sudeste, e também da Bahia, além de Brasília. Futuramente, vamos investir em promoção bilíngue para abrir esse leque para toda a América do Sul", acrescentou.

Assim como São Paulo, Santa Teresa aposta no "turismo de raízes ao contrário", ou seja, espera receber muitos italianos.

"Tem aspectos da cultura que preservamos aqui que nem eles preservaram lá. Muita gente vem da Itália para ver como era a cultura italiana em outras épocas", declarou o secretário, acrescentando que 84% dos turistas estrangeiros no Espírito Santo são da Itália.

Além do componente cultural, Santa Teresa também é um destino de ecoturismo, legado deixado pelo ecologista e filho de imigrantes italianos Augusto Ruschi, especialista nos beija-flores e orquídeas da região e fundador do Museu de Biologia Professor Mello Leitão.

"Temos todo esse patrimônio deixado por ele, são quatro reservas biológicas, somos a cidade com a maior cobertura vegetal do Espírito Santo. São todos esses elementos, juntos, que dão à cidade esse caráter bucólico e atraem tantas pessoas", concluiu Brito.

O estado também deve ter um calendário integrado de atividades em diversas cidades por ocasião dos 150 anos da imigração italiana, mas o governo capixaba ainda prepara a divulgação. (ANSA).
   

Leggi l'articolo completo su ANSA.it